Os blogues não são uma moda mas antes uma “revolução” que faz de cada cidadão um potencial meio de comunicação. José Luis Orihuela, professor na Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra, respondeu desta forma à questão “Por que é que os weblogs (não) vão acabar em 2006?”, o título da sua intervenção no primeiro dia do 3º Encontro Nacional de Weblogs, que decorreu hoje, sexta-feira, no antigo auditório da reitoria da Universidade do Porto. O encontro termina amanhã.

“No futuro, é possível que os blogues tenham outro nome. Mas continuará a haver gente comum a fazer comunicação sem filtros”, “pessoas convertidas em ‘media'”, a fazer “podcast”, “videoblogs” ou outro tipo de conteúdos, sublinhou o especialista espanhol, autor do conhecido eCuaderno.com

“Estamos num ponto de não retorno. Nunca mais o espaço público da comunicação estará exclusivamente na mão dos ‘media'”, reforçou o especialista, que prevê mesmo que alguns blogues se tornem mais populares do que órgãos de comunicação social “on-line”. No entanto, alertou, a “comercialização” excessiva é um risco para os blogues, referindo a cada vez mais comum prática de comprar determinadas opiniões ou ligações.

Relação complexa entre “media” e blogues

O “spam”, a falta de credibilidade da informação e a “canibalização” pelos jornais digitais convencionais são outros perigos que se colocam aos blogues, enumerou Orihuela. Neste último ponto, o professor frisou que os blogues criados pelos jornais “on-line” “não têm nada a ver com o espírito” original da blogosfera.

Esta “canibalização” é a fase actual da relação complexa entre blogues e jornalismo, que começou na ignorância dos jornalistas face ao fenómeno. Seguiu-se a fase de desprezo e desvalorização dos blogues. Com as coberturas eficazes do 11 de Setembro e do Katrina pelos “bloggers”, os jornais passaram a temê-los. Neste momento, assiste-se à integração de blogues nos órgãos de comunicação mais instituídos, referiu Orihuela.

O desafio que os blogues encontram hoje é o da “inovação”, afirmou o professor universitário, para quem, apesar da evolução da blogosfera (o seu tamanho duplica de seis em seis meses), a “paixão” dos autores é ainda o “ingrediente secreto” dos “weblogs”.

Pedro Rios
prr @ icicom.up.pt
Foto: Luís Pedro Carvalho