O edifício nº 61 da Rua das Flores está transformado, até 4 de Novembro, num espaço cultural na Baixa do Porto. Seis artistas organizaram uma exposição apelidada de “Pollen”. Fotografias, esculturas e pinturas conferem mais vida aos três pisos do edifício devoluto.

“Queríamos revitalizar a Baixa de uma forma não muito ambiciosa”, diz Cristóvão Neto, um dos artistas e produtores do evento. “Estamos preocupados com a situação da Baixa do Porto, está tudo a cair aos pedaços”, confessa ao JPN.

O projecto foi concretizado através de um protocolo com a Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU). A ideia surgiu em Novembro de 2005.

“Tinhamos alguns edifícios disponíveis mas escolhemos este por ser na Rua das Flores. É um ponto muito simbólico da cidade. É uma das ruas mais conhecidas mas não é a mais exposta”, afirma Cristóvão Neto.

Novos públicos

A exposição tem recebido, em média, 30 visitantes por dia. Para o produtor executivo do evento, David Afonso, esta afluência é “muito razoável”. “Na inauguração estiveram presentes cerca de 300 pessoas. O sábado é também o momento alto da semana – já chegamos a receber 80 pessoas”, refere.

Segundo David Afonso, deviam aparecer outros projectos como este na Baixa portuense. “O ideal seria que a ocupação de espaços de forma de temporária, com a autorização do proprietário, acontecesse com mais regularidade”, afirma.

O edifício, um dos primeiros a ser construído na Rua das Flores quando esta foi aberta em 1521, está a venda. Para o proprietário foi também uma vantagem ceder o espaço para a exposição. “Foi uma forma de publicitar o meu imóvel, pois quem vê o edifício por fora não faz ideia de como ele é por dentro”, sublinha Luís Oliveira e Sá.

Além disso, por ser no centro da cidade, a exposição tem atraído públicos diversos. “Chegou a pessoas que não fazem parte do circuito artístico. O público sente falta de ver coisas novas. Trouxe mais dinamismo à rua. Há sempre aquela ideia de que o o povo do Porto é inculto mas isto não é verdade, existem é poucas alternativas culturais”, afirma Cristóvão Neto.

A entrada na exposição é gratuita. O espaço abre de terça a domingo, das 13h às 20h e no sábado das 10h às 20h.

Texto e fotos: Alice Barcellos
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