No próximo ano, o YouTube pode tornar-se ainda mais omnipresente. O mais popular “site” de partilha de vídeos deve estar disponível nos telemóveis, o que lhe pode valer um aumento no número de acessos, que ultrapassa hoje os 100 milhões diários.

O anúncio foi feito ontem, quinta-feira, pelo fundador do YouTube, Chad Hurley, na “OgilvyOne Digital Summit”. “Esperamos que dentro de um ano tenhamos algo nos dispositivos móveis. Vai ser um mercado gigantesco”, disse, considerando o passo uma “transição natural” para a empresa, comprada no mês passado pelo Google por 1,3 mil milhões de euros.

Segundo um estudo da In Stat, uma empresa que analisa o mercado das tecnologias, Hurley está certo. Os consumidores estão mais dispostos a partilhar conteúdos do que ouvir música nos telemóveis, revela a análise publicada este Verão.

Partilhar vídeos caseiros e familiares é mais interessante do que ver um episódio de uma série televisiva no exíguo ecrã dos telemóveis. “Foi impressionante ver como cada vez mais as pessoas utilizam o vídeo para comunicar”, disse David Chamberlain, que conduziu o estudo.

O “site” já permitia, desde Maio, a colocação “on-line” (“upload”) de vídeos através de telemóvel, mas ainda não é possível aceder aos vídeos a partir dos dispositivos móveis.

O YouTube tem um ponto forte a seu favor: não permite a colocação “on-line” (“upload”) de vídeos com mais 10 minutos, limitação que facilita a integração do sistema actual nos telemóveis, menos potentes que os computadores tradicionais.

Uma oportunidade e uma ameaça

O crescimento do YouTube encontra, no entanto, um obstáculo de respeito: os direitos de autor. Como o “upload” de ficheiros vídeo é livre, encontram-se no “site” milhões de vídeos colocados “on-line” sem autorização das empresas detentoras dos direitos de autor.

Para evitar processos judiciais, à semelhança do que aconteceu com o sistema de partilha de ficheiros Napster, a Google está envolvida numa ronda negocial com empresas de “media” para que estas coloquem os seus conteúdos legalmente no YouTube. Em troca, estão a ser oferecidos dezenas de milhões de dólares, escreve o “Financial Times”.

Segundo o jornal, responsáveis da Google reuniram recentemente com a CBS, Viacom, Time Warner, NBC Universal, News Corp e outros gigantes dos “media”.

Para as empresas, o YouTube é ao mesmo tempo uma oportunidade e uma ameaça: oferece um enorme potencial de divulgação, mas disponibiliza gratuitamente produtos comerciais.

No dia da compra do “site” pela Google, a YouTube anunciou que tinha assinado contratos com empresas de entretenimento como a Universal Music, Sony BMG e CBS.

Pedro Rios
prr @ icicom.up.pt
Foto: Morguefile