A intervenção do artista no espaço urbano é o principal tema de um colóquio que começa hoje na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUP), intitulado “Intervenção Artística no Espaço Urbano: agentes, estratégias, prioridades”.

“O papel do artista não é remediar uma situação que outros deixaram mal”, explica Luísa Matos, docente da FBAUP, que participa na palestra de hoje. “A intervenção artística deverá contribuir para a fruição de um espaço urbano, mas nunca vai consertar erros estruturais”, diz ao JPN,

A palestra de hoje reúne especialistas portugueses e internacionais em arte pública. Os temas de reflexão são a preservação (por Lúcia Matos), o ensino (pelo belga Kris van’t Hof) e a gestão e promoção da arte pública (pela inglesa Michaela Crimmin).

“O colóquio quer lançar a questão da intervenção artística no espaço público”, refere Luísa Matos. “Quer mostrar o ponto de vista do artista e da instituição pública que faz a gestão dos espaços urbanos”.

“O que acontece na maioria das vezes no país é que já existe um espaço urbano construído e o artista faz uma proposta para depois intervir. Deve haver uma interacção entre a intervenção artística e o espaço público”, explicita Luísa Matos.

O evento está integrado num projecto financiado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional Norte, que “visa reflectir sobre o que deve ser, como deve ser feita a intervenção artística no espaço público”.

Exemplos concretos

A segunda parte do colóquio acontece no dia 6 de Dezembro. Serão apresentados exemplos concretos de intervenção artística em espaços públicos da região Norte e, sobretudo, na cidade do Porto.

“O debate vai questionar projectos que já foram concretizados e outros que ainda estão em construção”, diz Luísa Matos. Para a docente, que vai moderar o debate, a discussão vai permitir abordar questões particulares de cada projecto, “os problemas, os obstáculos que encontraram e os pontos positivos”.

O projecto de renovação artística da Rua Miguel Bombarda no Porto, a escultura de Zulmiro de Carvalho em Matosinhos e a escultura “Três homens a rir” (na foto), de Juan Munõz, no Jardim da Cordoaria do Porto são algumas das obras em análise.

No que toca à situação de intervenção artística na cidade do Porto, Luísa Matos refere que “não é possível fazer uma sentença geral da cidade”. “Há locais melhores, outros piores, as situações variam”.

A palestra de hoje e o debate de 6 de Dezembro decorrerão na Aula Magna da FBAUP. Começam às 14h30 e estão abertos a todos os interessados. A entrada é livre.

Alice Barcellos
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Foto: DR