Estreia hoje em Portugal o polémico filme “Borat: aprender cultura da América para fazer benefício glorioso à nação do Cazaquistão”, da autoria do multifacetado humorista britânico Sacha Baron Cohen, provocador de profissão. O pseudo-documentário do pseudo-jornalista do Cazaquistão (este existe mesmo) é o filme mais visto nos EUA com receitas que ultrapassam já os 109 milhões de dólares.

Borat é um jornalista nascido em 1972, do signo “batata” e natural de Kuzcek, Cazaquistão. O seu pai, conhecido pelo cognome de “o violador”, é também o seu avô materno. É viúvo de uma irmã ilegítima, tem três filhos (um concebido com a irmã) e 17 netos, mas o seu orgulho é a irmã Natalya – “a quarta prostituta em todo o Cazaquistão”.

É formado na Universidade de Astana onde aprendeu inglês e fez pesquisa sobre pragas. Gosta de ténis de mesa, de dançar, de tomar banhos de sol, de disparar contra cães e de tirar fotografias a mulheres na casa de banho.

Judeu anti-semita e entusiasta da cultura ocidental, Borat embarca na aventura da sua vida para compreender os hábitos e a cultura dos EUA para os transmitir ao seu povo. Missão extra: conhecer Pamela Anderson e casar com ela.

O nome Baron Cohen pode não dizer grande coisa à maioria, mas se se falar em Ali G e, no agora famoso, Borat Sagdiyev, certamente que será mais fácil identificar o comediante britânico celebrizado pelas suas personagens tão conhecidas como ofensivas. Cohen é ainda o inventor de Bruno (com filme próprio já prometido para 2008), repórter sexualmente ambíguo da televisão austríaca.

Polémica

Com “Borat”, Cohen cazaque colheu ódios de estimação mesmo antes de o filme ter estreado. Depois dos prémios MTV Europe Music Awards 2005, apresentados por Borat, o governo do Cazaquistão ameaçou Cohen com processos judiciais por ter considerado a sua actuação como ofensiva. O “site” de Borat alojado como cazaque foi fechado pelas autoridades daquele país.

Mais recentemente e a propósito do êxito estrondoso de “Borat”, o governo do Cazaquistão comprou quatro páginas a cores de publicidade no “New York Times” para promover o que chamou de “cultura sofisticada, tolerância religiosa e igualdade entre os sexos”.

Isto porque Borat promove a imagem de um Cazaquistão ultra-subdesenvolvido, onde os homossexuais usam chapéus azuis, mulheres enjauladas bebem urina de cavalo fermentada e onde o desporto nacional é caçar judeus. Entretanto, o governo cazaque mudou de estratégia e deixou de criticar abertamente a película para tentar uma aproximação.

Sobre todas as críticas de que é alvo, Baron Cohen diz encontrar-se numa situação “bizarra” em que um país o declarou como inimigo público número um, considerando tal facto cómico por ser “anedótico haver pessoas que acreditam existir um Cazaquistão como o representado no filme”. Nos EUA, onde a película é um sucesso que poucos arriscariam, o visionamento de “Borat” tornou-se num ritual juvenil, uma experiência cinematográfica pouco ortodoxa para festas universitárias.

Miguel Carvalho
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Foto: DR