O primeiro dia de Ban Ki-moon como secretário-geral das Nações Unidas (ONU) ficou marcado pelas declarações do sul-coreano sobre a execução de Saddam Hussein. Ban afirmou que “a pena capital é uma matéria que cabe a cada Estado-membro decidir”.

Questionado por um jornalista, o novo líder evitou responder se achava ou não justa a pena aplicada ao ex-presidente do Iraque. “Saddam Hussein foi responsável por cometer crimes graves e atrocidades inomináveis contra o povo iraquiano. Nunca devemos esquecer as vítimas dos seus crimes”, disse apenas.

A afirmação não condiz com o que tem vindo a ser a prática nos discursos da ONU. O antecessor de Ban, Kofi Annan, condenou repetidas vezes a pena de morte. Igual posição tomou, no passado sábado, o representante especial das Nações Unidas para o Iraque, Ashraf Qazi, depois do enforcamento do ex-ditador.

Hoje, questionado pelos jornalistas, Ban Ki-moon afirmou que a pena de morte é uma decisão que cabe a cada estado decidir, frisando apenas que esperava que a execução de Saddam tenha sido feita “de acordo com todas as regras do direito internacional”.

A porta-voz de Ban veio a público esclarecer as palavras ambíguas do novo secretário-geral. Segundo Michele Montas, trata-se de “uma nuance” pessoal do discurso e não de uma mudança na posição das Nações Unidas face à pena de morte.

A pena capital é legal na Coreia do Sul, de onde o novo líder da ONU é natural, e noutros países como os Estados Unidos, Rússia, China e em várias nações do Médio Oriente.

Recuperar credibilidade

No primeiro dia de um mandato de cinco anos à frente da ONU, o novo secretário-geral foi visto a lanchar entre os empregados da organização, depois da esperar na fila como qualquer outra pessoa, conta a AFP.

Dirigiu-se ainda por videoconferência aos trabalhadores da ONU em oito pontos do mundo, pedindo-lhes o máximo de atenção à ética e à disciplina. A primeira prioridade de Ban é evitar que a credibilidade das Nações Unidas volte a sofrer golpes, como o que foi desferido pelo escândalo “petróleo por alimentos”.

A resolução das crises no Darfur, Líbano, Irão e Iraque são outros assuntos prioritários na agenda do sucessor de Kofi Annan.

Pedro Rios
c/ agências
Foto: ONU