A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA), desenvolveu uma cápsula que permite o envio de experiências para a estratosfera (30 quilómetros da altura, 20 quilómetros acima da rota dos aviões comerciais).

O engenho chama-se “Straplex” (“Stratospheric Platform Experiment”) e está pronto a viajar para a capa da atmosfera terrestre com experiências científicas a bordo ou ao serviço de empreendimentos com fins comerciais.

Não é o primeiro engenho preparado para voar até à estratosfera, mas distingue-se pelo seu “custo reduzido” e por “garantir que o sistema é localizável, antes e depois do voo, garantindo a sua recuperação”, explica ao JPN Marinho Duarte, aluno de Mestrado Integrado e membro da equipa do projecto.

As candidaturas para os primeiros voos oficiais no “Straplex”, marcados para Setembro, devem ser abertas pela agência europeia ainda este mês, depois de quatro lançamentos de ensaio bem sucedidos, a partir do Aeródromo de Évora, entre 2005 e 2006.

Nesses ensaios, foram testados, entre outros, os efeitos da baixa pressão na vida de bivalves, os níveis de aceleração da cápsula e a influência da radiação com uma espécie de “gravador de memórias”.

Aplicação comercial

O “Straplex” pode agora ser utilizado pela ESA, mas também pode vir a ser usado em “aplicações voltadas para vigilância e fotografia aérea” ou como “plataforma de testes para componentes da indústria aeronáutica”, aponta Marinho Duarte.

O invento pode ainda ser aplicado noutros ramos da indústria em que “haja interesse de pôr componentes ou sistemas à prova sob condições adversas, como baixas temperaturas, baixas pressões atmosféricas e elevados índices de radiação solar”.

O projecto nasceu no Núcleo de Radioamadores da FEUP, mas despertou o interesse do Departamento de Engenharia Electrotécnica e Computadores (DEEC) e da ESA. Marinho Duarte é um dos elementos do núcleo duro da equipa do “Straplex”, que inclui alunos e investigadores do INEGI e INESC.

A cápsula pesa pouco mais de três quilos e transporta a bordo ferramentas que permitem a monitorização da temperatura, pressão, humidade e tensões de alimentação. O voo é ajudado por um balão de hélio, ao passo que a queda é suavizada por um pára-quedas.

O DEEC financia a maior parte do “Straplex”, enquanto a ESA custeia os voos e patrocina o projecto, fornecendo “know-how” em algumas áreas.

Pedro Rios
prr @ icicom.up.pt
Fotos: Straplex