O Movimento de Utentes dos Transportes da Área Metropolitana do Porto (MUT-AMP) exige a demissão da administração da a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP), face às “alterações insignificantes” ao novo modelo implementado pela empresa no início do ano.

“A única solução é a demissão da administração da STCP, porque as alterações são insignificantes e não nos convencem”, afirmou ao JPN Carlos Pinto, do MUT-AMP, que esteve presente numa nova vigília de protesto na Avenida dos Aliados contra a reestruturação da rede de autocarros.

Carlos Pinto acusa ainda a STCP de andar a “enganar os utentes” com os “pequenos reajustamentos” que tem vindo a fazer, tentando que “isto caia no esquecimento”.

As críticas estendem-se ainda ao ministro das Obras Públicas e dos Transportes, Mário Lino, por não se ter ainda pronunciado sobre a nova rede de transportes, “apesar dos abaixo-assinados” enviados pelo MUT-AMP.

O movimento está a elaborar um caderno reivindicativo que vai fazer chegar ao Ministério das Obras Públicas e dos Transportes, à administração da STCP e à Câmara do Porto.

Vigília pouco participada

Não eram mais de quinze os manifestantes que se deslocaram à Avenida dos Aliados depositar um vaso com flores em sinal de protesto pela “arrogância do poder político”.

Os utentes queixam-se sobretudo da supressão ou da diminuição de algumas linhas que alteraram o seu quotidiano, assim como da necessidade de fazer mais transbordos, aumentando, desta forma, os custos das viagens.

É o caso de Maria de Araújo, que se sente “muito prejudicada” com a extinção das linhas entre Monte dos Burgos e a Maia e Matosinhos. “Temos que apanhar dois autocarros e no transbordo ainda tenho que andar a pé uns bons 100 metros”, lamenta a senhora, que se deslocou “de propósito à Baixa para dar voz à luta”.

Ainda a discreta manifestação não tinha começado, mas Guilherme Henriques já colocava o seu “vaso do protesto”. Vive em Vila Nova de Gaia, “vem bastantes vezes ao Hospital de S. João”, mas a “vida ficou mais complicada” com a diminuição da frequência de autocarros. E o metro? Para Guilherme Henriques “é caro e não dá jeito”.

O objectivo da STCP em potenciar a intermodalidade entre os transportes da cidade, nomeadamente o metro, não consegue satisfazer as necessidades de todos os clientes.

“A extensão é mínima e, além disso, existe uma grande percentagem de utentes que não se consegue adaptar ao metro, nomeadamente os idosos e os deficientes, porque algumas estações não têm boas condições de acessibilidade”, explicou ao JPN Norberto Alves, coordenador do MUT-AMP.