Seis em cada dez jornalistas acredita que a licenciatura em jornalismo ou comunicação social deve constituir condição legal para exercer a profissão. Apenas 48,7% dos chefes de redacção consideram que a licenciatura é condição essencial para se ser jornalista, facto curioso, visto que dos 39 chefes de redacção inquiridos só um terço tem licenciatura na área do jornalismo.

Três em cada quatro licenciados em Jornalismo, Ciências da Comunicação ou Comunicação Social acreditam que os programas curriculares dos cursos são excessivamente teóricos e carecem de uma forte componente prática. A opinião é também partilhada também por 82,1% dos chefes de redacção auscultados numa pesquisa apresentada no Congresso Internacional Premium, no Porto.

Estas são algumas das principais conclusões do estudo “Integração dos Licenciados em Jornalismo / Ciências da Comunicação nos Mass Media do Grande Porto”, divulgado esta sexta-feira, no congresso organizado pelo Centro de Estudos das Tecnologias, Artes e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto (CETAC.COM).

O estudo, realizado pelos investigadores Jorge Marinho e Salomé Pinto, envolveu um universo de 129 jornalistas e 39 chefes de redacção de órgãos de comunicação social portugueses. Em análise estiveram jornais e rádios de âmbito local e nacional, canais de televisão nacionais, um jornal “on-line”, jornais de distribuição gratuita e a agência Lusa.

Redacções com menos jornalistas formados na área

Outra das conclusões do estudo é que nas redacções há mais jornalistas com formação noutras áreas que não a de jornalismo (47,6% contra 35,49% de licenciados no campo da comunicação social).

A pesquisa revelou ainda que 52,71% dos jornalistas defende a necessidade de se criar uma associação de licenciados em jornalismo, com o objectivo de defender os interesses da classe. Cerca de metade dos profissionais considera que o Sindicato dos Jornalistas não os representa.

De acordo com a pesquisa, quase metade dos jornalistas inquiridos (48,8%) afirma ter tido uma boa integração no órgão de comunicação em que está inserido. Apenas 7% teve uma adaptação difícil. Além disso, a esmagadora maioria dos jornalistas que respondeu ao inquérito (89,15%) sente que a universidade ou estabelecimento de ensino superior em causa não forneceu qualquer tipo de acompanhamento no processo de integração profissional.

O congresso, moderado pelo coordenador do “Expresso”, Ricardo Jorge Pinto, prosseguiu com as intervenções de Wayne Wanta da Universidade de Missouri-Columbia, Chris Frost da Liverpool John Moores University e terminou com Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Brasil).