Os cidadãos estão a dispersar a atenção dos produtos mediáticos, o que provocou uma diminuição de 3% em 2006 na compra de jornais, revela o estudo “The state of the news media 2007”, realizado pelo Projecto para a Excelência em Jornalismo.

A tendência verifica-se também na televisão e na rádio: os consumidores estão a procurar outras formas de aceder à informação e o “on-line” está a ganhar pontos.

Para além do reforço da Internet, o estudo, que analisa a realidade norte-americana, aponta uma outra tendência: a aposta nos conteúdos informativos de âmbito local. A quebra das receitas e o aumento da competitividade entre os meios de comunicação social estão na base desta opção dos “media”.

A diminuição de custos é justificação para a nova tendência, o que, segundo o jornalista e professor na Universidade do Minho Luís Santos é uma “solução empresarial”. “Não sei se é positiva nem a melhor solução”, acrescenta.

Já o jornalista do jornal “Público” António Granado indica que este tipo de mudanças “envolvem pouco dinheiro” e são realizadas por pequenos grupos. De acordo com o jornalista, as razões “dependem de mercado para mercado”.

O estudo dá a conhecer que a cultura de discussão está a dar lugar a uma cultura de resposta, num território em que o cidadão assume cada vez mais o papel de repórter. É o chamado “jornalismo do cidadão”, uma cultura cada vez mais notória.

Jornalismo local: uma tendência futura em Portugal?

O jornalismo local “pode ser uma solução ou uma característica dos novos tempos”, reflecte António Granado. Tendo em conta o acesso infinito às notícias, pode haver “nichos de informação”. “É na criação de nichos que há um potencial infinito”, observa.

O jornalista do “Público” refere que o jornalismo local pode funcionar em determinados tipos de comunidades. No caso de “pequenas comunidades poderá não ser tão interessante”. Os meios de comunicação não deixarão de focar o âmbito nacional, mas vão desenvolver notícias relativas a áreas que não são centrais, vaticina.

Luís Santos não sabe se a solução pode ser a “concentração numa determinada área geográfica”. No entanto, encontra na identificação geográfica “viabilidade em termos económicos”.

Tendo em conta os baixos índices de leitura registados em Portugal, Luís Santos considera a aposta dos meios de comunicação na Internet uma “tentativa de investimento significativo”. O jornalista e professor lembra que Portugal foi um dos primeiros países a explorar o jornalismo “on-line”, mas que, ao longo do tempo, os “media” “on-line” foram perdendo fulgor.