Uma sala de videoconferência, uma ligação à Internet e está tudo pronto para assistir a mais uma récita de ópera. O projecto “Ópera Aberta” aposta nas novas tecnologias para aproximar, mais do que nunca, as artes do espectáculo do grande público.

A iniciativa, acolhida pela Universidade do Porto (UP), partiu de um convite dos teatros Real de Madrid e Liceo de Barcelona, e decorre em universidades de todo o mundo.

Já na quinta edição a nível global, entrou em funcionamento na UP no presente ano lectivo. O encontro “Ópera Aberta” teve lugar no estúdio de videoconferência da reitoria entre 23 de Novembro de 2006 e 21 de Maio deste ano.

Manuel Janeira, responsável pela iniciativa e pró-reitor da UP, salienta a facilidade de poder “estar a assistir àquilo que os espectadores lá em Barcelona estão a assistir no teatro”. A tecnologia utilizada é, para o docente, a única forma de “estar em cima de um espectáculo desta natureza”.

Além do visionamento de várias óperas, o projecto inclui aulas introdutórias e sessões de videoconferência com encenadores e outros protagonistas dos espectáculos. Manuel Janeira destaca a vantagem que constitui para o público “usufruir não só do espectáculo em si mas tudo o que está ligado no programa como as conferências e a informação disponibilizada”.

Tecnologia: meio para divulgar a ópera

O universo da arte é cada vez menos imune às novas tecnologias. No caso da ópera, os meios de transmissão mais modernos podem contribuir para levar a ópera ao grande público.

Henrique Silveira, melómano e autor do blogue “Crítico Musical“, partilha desta visão. “Creio que o não conhecimento da ópera junto da maior parte da população se deva ao desconhecimento”, enfatiza. Silveira considera que a maior parte das pessoas não conhece e tem uma ideia errada do que é a ópera. “Se for dada a toda a gente, todos, em princípio, acabarão por amar a ópera como obra de arte”, sublinha.

As novas tecnologias nos espectáculos

Actualmente, é comum encontrar uma encenação de ópera assente em componentes como o vídeo, o áudio ou a electrónica. No entanto, nem sempre esses elementos beneficiam o conjunto da obra. Jorge Rodrigues, do coro do Teatro Nacional de São Carlos (TNSC), defende as novas tecnologias, desde que contribuam para “melhorar os espectáculos”.

O membro do TNSC rejeita tecnologias de amplificação da voz dos cantores nos teatros de ópera. “Acho isso uma coisa absolutamente obscena”, afirma.

O que seria se compositores como Bach, Mozart ou Wagner tivessem tido acesso às novas tecnologias? Henrique Silveira mostra-se convicto de que teriam aproveitado a oportunidade. “Todos teriam aproveitado o vídeo, os grandes efeitos sonoros e a electrónica para produzir obras de efeitos mais intensos”, conclui.