A reitoria da Universidade do Porto “recebeu” terça-feira, em videoconferência, Noam Chomsky. Durante uma hora, o reputado pensador norte-americano respondeu a perguntas de John Hass, fundador e director do Global Consortium do Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Ao contrário do previsto, não houve tempo para questões do público, o que transformou o que seria um debate multinacional numa sessão de perguntas e respostas conduzidas por John Hass. Focando várias temáticas associadas ao trabalho de Chomsky, as perguntas conduziram a uma análise histórico-social do pensamento e política externa norte-americano.

“Por que nos odeiam quando somos tão bons?”, questionou Hass, no início da conferência. “Não nos odeiam a nós [americanos], odeiam a nossa política”, respondeu Chomsky

Segundo o linguista e professor no MIT, a política externa e atitude histórica dos Estados Unidos traduz uma “mentalidade imperialista”. Opondo-se à imagem tipificada dos Estados Unidos como defensores da democracia, Chomsky refere que “os EUA e a Europa agem como se fossem donos do mundo”, o que, segundo o pensador, conduziu a vários genocídios em que se usaram “os direitos humanos em serviço do poder”.

A guerra no Afeganistão, o 11 de Setembro, a crise no mundo árabe e a sua relação com a sociedade e diplomacia israelita foram outros temas focados numa análise histórico-diplomática dos equilíbrios do poder mundial.

“Agimos como vítimas passivas de um regime totalitário que não conseguimos assimilar e nada pode estar mais longe da verdade”, afirmou Chomsky, no final da conferência, apelando aos espectadores para “diminuirem a enorme distância entre a opinião pública e a acção pública”.