A circulação nas linhas ferroviárias do Corgo (Régua a Vila Real) e do Tâmega (Livração a Amarante) está temporariamente suspensa desde a noite de terça-feira, na sequência de uma ordem emitida pela administração da REFER em acordo com a CP. Segundo o comunicado publicado no site da Rede Ferroviária Nacional, “foram identificados factos negativos relacionados com a condição técnica das linhas do Tâmega, Corgo e Tua.”

O comunicado da REFER informa que “as intervenções nas linhas do Tâmega e do Corgo estão programadas para se iniciar dentro de quatro meses”. Perante a demora do começo das obras, Daniel Conde, membro do Movimento Cívico pela Linha do Tua questiona “como é que se pode primeiro encerrar as linhas e dizer que só daqui a quatro meses é que vão começar os trabalhos?”

“Estes encerramentos sem aviso nenhum têm como objectivos desmoralizar as pessoas e afastar utentes, é uma prática desonesta”, declara Daniel Conde ao JPN. O membro do Movimento Cívico acredita que não há investimento do Governo nas linhas ferroviárias. “A única sigla que surge quando se fala em caminhos-de-ferro em Portugal é TGV. Falam de mil milhões de euros com uma facilidade impressionante, quando se esquecem que a espinha dorsal dos caminhos-de-ferro é a rede convencional”, remata Daniel Conde.

Turismo “afectado”

Durante o período de suspensão das linhas ferroviárias a REFER garante a disponibilização de serviços rodoviários alternativos. Contudo, Daniel Conde defende que o turismo vai ser “afectado”. “Basta fazer as contas, estamos prestes a chegar ao Verão que é a época alta do turismo no Douro. Estas coisas não são inocentes, não acontecem por acaso”, esclarece.

“Convém lembrar que em 2006 o Governo já dizia que estas linhas eram deficitárias e que o seu futuro era o encerramento, por isso essa ameaça parece que não foi esquecida”, afirma Daniel Conde. Recorde-se que, só nos últimos dois anos, já se registaram quatro mortes na polémica linha do Tua, facto que levou o governo a avançar com a possibilidade de encerrar aquele troço ferroviário.

Daniel Conde afirma ainda que a REFER tem o apoio do Movimento Cívico pela Linha do Tua para qualquer intervenção destinada a reforçar a segurança das linhas. “Mas, das duas uma: ou há aqui incompetência porque se deixou a infra-estrutura chegar a um estado tal que para recuperá-la é preciso encerrar toda a via, ou o que é que se andou a fazer este tempo todo?”, questiona.

O JPN tentou contactar com a REFER e a CP para obter mais esclarecimentos, mas não obteve qualquer resposta em tempo útil.