Estudantes do Conservatório de Música do Porto, Marta e Catarina partilham o gosto pela música e o desejo de uma carreira musical. Há anos que ambas trabalham e se esforçam em prol de um sonho.

A estudar música desde os 8 anos, Marta Patrocínio, agora com 18, apaixonou-se pelo piano depois de os avós a terem levado a uma aula, de onde saiu “aos saltos”, conta. Mas conciliar os estudos com a música nem sempre foi fácil: “Eu era sempre diferente dos meus colegas. Mas como sempre gostei tanto, simplesmente não pensava sequer: fazia parte da minha vida e eu adorava aquilo. Era mais fácil por isso”. Agora, com a oportunidade de se dedicar completamente à música, Marta aposta numa formação internacional. Está a estudar na Escola Superior de Artes de Zurique, e diz que está ser uma experiência diferente, que a “obriga a crescer a vários níveis”.

Já Catarina Ferreira, com apenas 20 anos, não sabe explicar o porquê de ter escolhido a música: “É uma coisa que está connosco. E depois, quando entramos neste mundo é complicado sairmos. Acho que fica mesmo a paixão cá dentro.” Mas apesar da paixão, conciliar os estudos com a música tornou-se mais dificil aquando da entrada no conservatório. Atualmente, para além de aluna, está também do lado dos professores, a dar aulas de flauta transversal na Banda de Música de Moreira da Maia, onde começou, também ela, o seu percurso musical.

Mas conciliar as várias atividades, enquanto adolescentes, não foi o único problema. Os apoios à cultura são poucos e a crise económica não ajuda a encher salas de espetáculos. Marta defende que a maior dificuldade de estudar música e de seguir uma carreira profissional é a falta de apoios e, muitas vezes, a falta de cultura musical que há no nosso país. “Sinto que é difícil arrastar um público”, desabafa Marta.

Ainda assim, as duas jovens mantêm-se positivas e acreditam que há espaço para a música: “Existem cada vez mais flautistas, o que é um sinal de que o interesse pela música, em especial pela flauta, continua a existir”, diz Catarina. Marta não se esquece ainda de nomear os bons professores de música que “têm imenso para ensinar”.

As duas premiadas tocaram as suas peças favoritas, na passada terça-feira, na entrega do Premio Conservatório da Casa da Música. Aplaudidas de pé e felicitadas pelos familiares, este prémio não é o primeiro para nenhuma das duas. Mesmo assim, continua a ser o reconhecimento de um trabalho árduo.