A atriz Cecília Ferreira, uma das fundadoras da companhia Teatro a Quatro, diz que o que lhes deu impulso foi saberem bem o que queriam. Por isso, apesar dos “inúmeros obstáculos ao longo do processo”, acreditaram sempre que tinham tomado a “decisão certa”.

O primeiro projeto foi o espetáculo “Corta”, inspirado no universo feminino do cineasta Almodóvar. Começaram do zero sem qualquer tipo de apoio financeiro e a pagar uma “renda diária astronómica” a uma sala que hoje já se encontra fechada, o Estúdio Zero.

Com parcos recursos, são uma das companhias do Porto que mais produziu, em apenas dois anos de existência. “Quando se trabalha com um orçamento baixíssimo, temos de fazer milagres com o pouco que temos. Mas nunca deixámos de fazer um projeto por falta de dinheiro”, garante. “Fazemos brilharetes com orçamentos inimagináveis mas convém realçar que temos amigos e familiares maravilhosos, que nos apoiam incondicionalmente”, sublinha.

O objetivo do grupo é bastante claro: “Achamos que tem de se operar uma transformação nas pessoas depois de saírem dos nossos espetáculos. Queremos que saiam dos nossos espetáculos com pontos de interrogação na cabeça”, conta.

Trabalhar em paralelo para poder fazer teatro

Da comédia ao drama, passando até pelo teatro infantil, o grupo procura a exploração de novas linguagens e horizontes artísticos, associando-se ao contexto sociocultural em que atua. Até agora, conta com cinco criações coletivas.

Entretanto, a Teatro a Quatro desenvolve ainda um trabalho de pesquisa forte na área do Teatro para Bebés, apresentando espetáculos mensais, sempre novos, no Rivoli – Teatro Municipal.

A vida além das “Quatro”

Cecília Ferreira dá aulas de teatro num Colégio no Porto, faz ações de formação para adultos na área e é Coordenadora Executiva de uma Academia de Artes. Catarina Santos trabalha com a comunidade e Isabel Carvalho faz dobragens e tem um projeto televisivo no Canal Panda. Já Joana Magalhães tem vindo a trabalhar com uma companhia brasileira, onde esteve 5 meses, graças ao programa INOV-art.

As “Quatro” são Catarina Santos, Cecília Ferreira, Isabel Carvalho e Joana Magalhães, amigas e ex-alunas do curso de Teatro, na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), e todas têm trabalhos paralelos para poderem “dar-se ao luxo de fazer teatro em Portugal”.

Dois anos depois, o Teatro a Quatro é olhado com respeito, como uma companhia trabalhadora e lutadora, que tem vindo a dar cartas no panorama artístico portuense.