“A teoria avança através da prática“, começou por afirmar Estrela Serrano na palestra realizada no âmbito do Seminário de Comunicação Política do Mestrado em Ciências da Comunicação (MECC) da Universidade do Porto (UP).

Estrela Serrano

Estrela Serrano trabalhou como jornalista na RTP, durante a administração de João Soares Louro. Apesar de ser especialista em jornalismo televisivo, o seu trabalho passou pela rádio: exerceu funções de sub-diretora do então Canal 2 e diretora da Antena 1. Além do trabalho como jornalista, professora e assessora de Mário Soares, Estrela Serrano é também autora das obras “As Presidências Abertas de Mário Soares (2011), “Para Compreender o Jornalismo (2006) e “Jornalismo Político em Portugal (2006). Entre 1990 e 2006, foi membro do Centro de Investigação Media e Jornalismo e é co-diretora da revista académica com o mesmo nome.

Importantes no processo de construção noticiosa, as fontes merecem, de acordo com a antiga assessora de Mário Soares, alguma senbilidade no tratamento: “Todo o processo de noticiar é um processo de negociação entre fontes e jornalistas”, que Estrela Serrano descreve como “contínuo e em permanente construção.”

No processo de influência daquilo que é noticiado, “o poder económico tem mais poder do que o poder político”, adianta a oradora. Ainda assim, Estrela Serrano afirma que é o ele que “regula o sistema diário, diz quantos canais de televisão há – as macrodecisões dependem do poder político”.

Infotainment, Política e Jornalismo

A proximidade entre o jornalismo e política é, para Estrela Serrano, uma questão premente. “Quem é que controla quem? O poder político controla os jornalistas ou os jornalistas é que controlam o poder político”, questionou.

Quanto à relação entre jornalistas e políticos, Serrano questiona “de onde vem a legitimidade dos jornalistas para criticar os políticos?”. Segundo a conferencista, “a legitimidade dos políticos vem do voto, e a dos jornalistas vem do seu código deontológico”. A importância da deontologia foi realçada: “O código que diferencia jornalistas de bloggers e usuários de redes sociais”.

A investigadora salienta, ainda, a importância do infotainment, conceito que mistura informação com entretenimento. “É cada vez mais difícil distinguir as lógicas de comunicação das lógicas de informação. Há lógicas em cada um dos campos, embora estejam muito baralhadas”. Através do aparecimento em programas deste género, os políticos podem contactar com pessoas que habitualmente não estão em contacto com a política.

A relação jornalista-assessor

Para Estrela Serrano, o assessor deve “saber tudo sobre os jornalistas: como funcionam, quem são ou como funciona uma redação”. Negociar e persuadir são os objetivos. No processo, salienta a importância dos intermediários – assessores ou agências de comunicação.

No momento de contacto com os órgãos de comunicação, a conferencista destaca a importância de nunca mentir. “É importante saber dizer “eu não sei” ou “eu não posso falar ainda””, disse, salientanto a necessidade de transparência.

As novas tecnologias foram um tema abordado, pois para a estudiosa, “os políticos usam as redes sociais, não para interagirem, mas para passarem as suas mensagens, tal como usam os jornais ou outros media”.