Depois das declarações de Rui Rio no programa televisivo “Prós e Contras”, sobre alguns dos problemas do atual Governo, como o endividamento externo ou a credibilidade dos governantes portugueses, a ideia ganhou mais força. Se alguns já antes queriam que o atual presidente da Câmara do Porto chegasse a primeiro-ministro, agora esta vontade até originou uma petição, dirigida ao Presidente da República.

A página online do movimento – criada já em março de 2011 – já reúne mais de cinco mil seguidores, mas parece que nem todos têm a certeza de concordar com a ideia de Rio para número um do Governo: apenas 1815 pessoas, à data desta publicação, assinaram, de facto, a petição pública – iniciada há uma semana.

A iniciativa surgiu, essencialmente, pelo “sentimento de descrença no atual governo”, que seria solucionado caso Cavaco Silva “convidasse Rui Rio para formar um Governo de iniciativa presidencial”, acreditam. “É a única figura em Portugal que reuniria os consensos necessários no atual panorama para conduzir Portugal a recuperar a sua autonomia”, afirmam.

As declarações de Rui Rio ao programa televisivo da RTP surgiram no âmbito da crise do Governo, que se acentuou nas últimas semanas. “Nós estivemos a gastar os impostos dos nossos filhos” e “a despesa pública é filha do sistema político” foram algumas das frases que geraram discussão à volta do tema.

“Um cenário meramente académico”

A suposta demissão de Paulo Portas, depois da saída de Vítor Gaspar e a crescente instabilidade governativa levam os subscritores da petição a acreditar que “há que pôr um ponto final na farsa instalada”. No caso da nomeação de um Governo de iniciativa presidencial, como é sugerido, falam da nomeação de Rui Rio, “um exemplo marcante”, quer “na forma como aborda os dinheiros públicos” e no “respeito pelos seus eleitores”.

Com esta possibilidade concorda ainda o social-democrata António Capucho que, em entrevista à rádio Renascença, afirmou que, “sinceramente, apostaria no Rui Rio”. “É aquele que neste momento está liberto de qualquer responsabilidade nestas trapalhadas. Tem estado a gerir a Câmara do Porto magistralmente e sai com um prestígio enorme como autarca”, sublinhou. Tendo em conta que “o PSD está em dissolução”, espera que o partido encontre rapidamente alternativas e um novo líder, para não dar o poder “de bandeja” ao Partido Socialista.

Quem não parece concordar é Rui Moreira, atual candidato à Câmara que Rui Rio gere. Admite que “Rui Rio é olhado por muitas pessoas – e não só do seu partido – como uma pessoa que teve razão antes do tempo relativamente à situação do país”, mas assume, em entrevista à Agência Lusa, que lhe parece apenas um “cenário meramente académico”.

A verdade é que, apesar da polémica que o presidente da Câmara do Porto vai originando entre os habitantes da cidade, com decisões nem sempre populares, a maioria daqueles com quem o JPN falou nas ruas (ouvir peça áudio), acreditam que – mesmo não gostando da pessoa – Rui Rio é um político “honesto” e daria um bom primeiro-ministro.