A pintora Armanda Passos, falecida na terça-feira aos 77 anos, vítima de doença prolongada, vai estar esta sexta-feira em câmara ardente, a partir das 14h00, na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, no Porto. No mesmo local, realizam-se as exéquias fúnebres a partir das 16h00, seguindo o funeral para o Cemitério da Venerável Ordem de Nossa Senhora da Lapa.

Nascida no Peso da Régua em 1944, Armanda Passos estava profundamente ligada ao Porto, cidade onde se formou, onde começou a expor o seu trabalho como artista plástica, onde vivia e trabalhava na casa-ateliê que o arquiteto Álvaro Siza Vieira projetou.

Dona de um traço único, destacou-se na pintura e na gravura, tendo nas mulheres e nas aves os elementos figurativos mais constantes da sua obra.

A formação foi feita na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), atual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde além de aluna foi docente na área da Gravura. Em comunicado, a UP sublinha, a propósito, a “ligação estreita e continuada, ao longo de mais de 40 anos” que a artista manteve com a academia, tendo-lhe dedicado várias exposições.

Por altura do centenário da UP, em 2011, foram organizadas duas mostras: “Reservas” e “Obra Gráfica”, esta última explorando uma “nova dimensão da obra” da artista, incluindo “a totalidade da obra de impressão gráfica sobre papel realizada por Armanda Passos desde os tempos de estudante”. Seguiram-se “Armanda Passos – Blocos de Desenhos ESBAP”, em 2015; e mais recentemente, em 2019, “Armanda Passos: 75 anos, 75 escritas”.

Ressaltando a “admirável carreira e extraordinária obra de Armanda Passos”, o reitor da UP, António de Sousa Pereira, refere ainda no comunicado enviado às redações que “o país perde uma das suas mais notáveis artistas plásticas e a Universidade do Porto uma das suas principais referências estéticas.”

O Museu do Douro que em maio deste ano inaugurou um espaço dedicado à pintora com uma exposição permanente aberta ao público – Armanda Passos doou mais de 80 obras suas ao Museu – também reagiu à morte da pintora com um “obrigado”.

Também o PAN submeteu na Assembleia da República um voto de pesar pelo falecimento da artista plástica, que classificam como uma “reconhecida defensora da causa animal”.

As obras de Armanda Passos integram diversas e prestigiadas coleções privadas e públicas, entre elas a do Museu Nacional de Arte Contemporânea, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação Oriente, da Fundação Champalimaud, do Museu de Serralves, do Palácio da Justiça do Porto, do Museu Amadeo de Souza-Cardoso, da Casa-Museu Teixeira Lopes, da Casa José Saramago, da Casa Fernando Pessoa, do Tesouro da Sé Catedral do Porto e do Palácio de Belém.

Entre os muitos prémios que recebeu, destacam-se a distinção de Comendadora da Ordem do Mérito em 2012, tendo recebido outras distinções nacionais como o segundo Prémio do Ministério da Cultura na Exposição “Homenagem dos artistas portugueses a Almada Negreiros”, em 1984, e distinções internacionais como a Menção Honrosa no “III Prémio Dibujo Artístico J. Pérez Villaamil”, do Museu Municipal Bello Piñeiro, em 1990.