O presidente da Câmara Municipal do Porto anunciou que autorizou a transladação temporária do coração de D. Pedro para o Brasil. O coração vai fazer parte das celebrações do bicentenário da independência do país.

Rui Moreira vai acompanhar o transporte do coração. Foto: Filipa Brito/CM Porto

A decisão foi tomada esta quarta-feira (22) e divulgada em conferência de imprensa por Rui Moreira. “É com enorme honra que anuncio que autorizo que o coração de D. Pedro IV, de Portugal, e I Imperador do Brasil, seja trasladado para o Brasil, em datas a acertar entre o meu gabinete e o Palácio Itamaraty. Sendo que esta autorização, e por minha decisão, será ainda assim validada pelo Executivo Municipal”, afirmou o presidente.

O pedido de trasladação foi formalizado em março pelo embaixador do Brasil, George Prata, às entidades guardiãs do coração, a Irmandade de Nossa Senhora da Lapa e a Câmara Municipal do Porto (CMP).

Segundo Rui Moreira, a peritagem do órgão, realizada pelo Instituto de Medicina Legal (IML), “foi feita a 31 de maio, durante mais de cinco horas, por cinco peritos das áreas da Anatomia, Medicina Legal, Genética e da Biologia Forense” e integrou uma equipa de “investigadores da Universidade do Porto, nomeadamente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS)”.

O autarca acrescentou que “o relatório de perícia ainda não está totalmente concluído, mas já foi assegurado que o coração poderá ser trasladado temporariamente para o Brasil, mediante a exigência de um transporte em ambiente pressurizado”. O autarca referiu que vai acompanhar o transporte deste “importante tesouro da cidade”, em data ainda a definir com o governo brasileiro. Frisou ainda que vai também “assegurar que o vaso onde se encontra o coração do Imperador do Brasil seja devidamente selado, bem como um conjunto de garantias legais que terão de ser apresentadas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, pois será exigido um compromisso de Estado entre os dois países irmãos”. A trasladação, assim como o custo do transporte, ficará a cargo da Força Aérea Brasileira.

O órgão, uma relíquia de 187 anos, encontra-se preservado em formol num recipiente de vidro depositado na Irmandade da Lapa, no Porto. Será a primeira vez que o coração do monarca sairá do Porto, depois de em 1985 ter chegado à cidade.

A cedência do coração do “rei soldado” é temporária e “o coração voltará ao Porto”. Apesar da decisão ter gerado polémica entre os envolvidos, que receavam que o órgão pudesse ser danificado, o presidente portuense acredita que “a cidade entenderá que esta é a melhor forma do Porto se associar à independência do Brasil”.

O presidente da câmara anunciou ainda que “o Porto vai também associar-se às celebrações dos 200 anos de independência do Brasil, organizando uma exposição sobre a enorme presença de D. Pedro nesta cidade” com o nome “Pedro, a Independência do Brasil e o Porto”, com um concerto a ter lugar em setembro e um conjunto de publicações, conferências e visitas a fazer parte da programação.

Rui Moreira discursou no Salão Nobre dos Paços do Concelho, uma divisão da Câmara do Porto onde se encontra um retrato do rei português e fez-se acompanhar de uma caixa de madeira que contém a chave do cofre que guarda o coração. Na conferência estiveram ainda presentes o presidente da Assembleia Municipal, Sebastião Feyo de Azevedo, e a provedora da Venerável Irmandade da Lapa, Maria Manuela Rebelo.

Artigo editado por Filipa Silva