Depois de «Ganhar a Vida», em 2001, João Canijo regressa ao Festival de Cannes com «Noite Escura». É a segunda participação do cineasta de 47 anos na secção «Un Certain Regard».

A 57ª edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes arranca esta quarta-feira. «La Mala Educación», de Pedro Almodovar, faz a estreia, embora esteja fora de competição. “É um film noir das emoções”, diz o cineasta espanhol. De facto, o filme foi já considerado como o mais negro de Pedro Almodovar.

A narrativa de «La Mala Educación» é construída em torno de oscilações temporais. Desde o recuo à Espanha franquista, passando pelos anos 60 até ao presente da história – finais da década de setenta -, o filme assenta em “flashbacks” entre o passado e o tempo de início da carreira de Almodovar (anos 70).

Este ano, a “Palma de Ouro” vai ser disputada por 18 filmes. Nomes habituais, como Emir Kusturica, Wong Kar-Wai, irmãos Coen e Michael Moore figuram na corrida à “Palma de Ouro”. Mas, no meio de nomes conhecidos e reconhecidos, há ainda espaço para algumas revelações: oito cineastas concorrem em Cannes pela primeira vez.

Na corrida à “Palma de Ouro” estão…

«Diários de Bicicleta», do brasileiro Walter Salles, um relato da viagem de Che Guevara pela América Latina. Dos Estados Unidos temos a animação «Shrek 2», «The Ladykillers», dos irmãos Coen, com Tom Hanks no papel principal, e «Fahrenheit 911», do polémico Michael Moore.

A concurso vão estar também «Comme une Image», de Agnès Jaoui, «Clean», de Olivier Assays, e «Exils», de Tony Gatlif. Sem esquecer «The Life and Death of Peter Sellers», de Stephen Hopkins, a gerar alguma expectativa na ‘secção’ cómica.

Mas o festival de Cannes não acaba na corrida à “Palma de Ouro”. Fora da competição estão filmes como «Bad Santa», de Terry Zwigoff, com Billy Bob Thornton no papel de um Pai Natal muito pouco convencional que se entrega à bebida e à delinquência. «Kill Bill 2», do norte-americano Quentin Tarantino, também não concorre ao troféu. O mesmo para “Noite Escura”, de João Canijo.

Michael Moore no centro da polémica…

Depois de «Bowling for Columbine», «Fahrenheit 911» marca o regresso do polémico Michael Moore a Cannes. O documentário denuncia ligações entre a família Bush e indivíduos sauditas, entre os quais a família de Osama Bin Laden. «Fahrenheit 911» é “a temperatura a que a liberdade arde”, esclarece Moore.

“George Bush aproveitou o 11 de Setembro e a morte de cerca de 3.000 pessoas como desculpa para pôr em prática a sua agenda conservadora”. Michael Moore resume assim aquilo que pretende demostrar no documentário «Fahrenheit 911».

… e Tarantino no júri

Quentin Tarantino vai ser o presidente do júri de Cannes. Num debate realizado na véspera de estreia do festival, o realizador de «Kill Bill» levantou alguma polémica ao tocar num assunto sensível: a pirataria de filmes. De acordo com a agência Lusa, Tarantino afirmou que a pirataria pode ser positiva se permitir um melhor conhecimento daquilo que se faz na sétima arte. Para o realizador, a pirataria pode ser uma forma de aceder a filmes mais raros.

O festival decorre até dia 23. Durante estes 12 dias serão exibidos 56 filmes, 46 dos quais em estreia.

Ana Correia Costa