Os protagonistas da cimeira anglo-americana dizem que esta é uma reunião de rotina, mas os analistas internacionais não têm dúvidas de que se trata de um “encontro de crise”, com o Iraque no centro da discussão. A escalada de violência, os confrontos com as tropas aliadas, os raptos de cidadãos estrangeiros e a perda do controlo por parte das forças internacionais de algumas cidades iraquianas mergulharam o território num caos.

A resposta norte-americana à espiral de violência no Iraque e o apoio de George W. Bush ao plano unilateral de Ariel Sharon – de evacuação da Faixa de Gaza – têm sido encaradas com desconfiança pela Grã-Bretanha, deixando Blair numa posição de algum desconforto.

Nos últimos dias, a tensão tem-se intensificado e o reforço dos ataques norte-americanos, face aos acontecimentos recentes, serviram para unir os iraquianos contra as tropas dos aliados. Nesse sentido, Donald Rumsfeld, secretário de defesa dos Estados Unidos, anunciou o alargamento do prazo de regresso dos 20.000 soldados dos Estados Unidos em serviço no Iraque.

O chefe do governo britânico afirmou que o encontro em Washington serviu para definir estratégias conjuntas e desmentir rumores de possíveis desentendimentos entre os velhos aliados: “Estamos de acordo com os americanos sobre a estratégia para lidar com a situação no Iraque; não há divisões entre nós.”

Tony Blair quer nova resolução da ONU no Iraque

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O primeiro-ministro britânico encontrou-se ontem com o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e sublinhou que a comunidade internacional tem de ter agora um papel activo no Iraque.

Blair pretende que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma resolução que privilegie o papel da organização no processo de transição de soberania no Iraque e na reconstrução do país.

Annan afirmou que as divisões na comunidade internacional causadas pela guerra no Iraque estão “a começar a sarar” e que espera por uma cooperação total dos estados-membros numa nova resolução.

Carla Sousa