Pais indignados com possível encerramento da escola Carolina Michaëlis.

O caso tem suscitado polémica e já valeu fortes assobios ao director regional de Educação do Norte, Lino Ferreira, quando na passada segunda-feira se deslocou à secundária Carolina Michaëlis para discutir o eventual encerramento deste estabelecimento. Em causa está uma proposta apresentada pela Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) no âmbito do reordenamento da rede escolar da zona ocidental do Porto.

Este plano prevê, à semelhança do que já aconteceu com as secundárias Alexandre Herculano e Rainha Santa Isabel, uma fusão das escolas Rodrigues de Freitas e Carolina Michaëlis. Se a proposta vingar, esta última escola deverá encerrar as suas actividades lectivas. Professores e alunos discordam desta medida, e a Associação de Pais promete lutar contra o encerramento da Secundária.

“A DREN propõe que mudemos para outro sítio porque precisam do terreno para outra escola”. Em conferência de imprensa realizada ontem à tarde na Secundária Carolina Michaëlis, os representantes da Associação de Pais explicaram que, no caso desta escola, o problema é a “instalação do Conservatório de Música do Porto”. Os pais apontam este motivo como um dos principais para que a DREN queira o encerramento de uma escola que “está bem dimensionada”.

Número de alunos tem aumentado

“É uma escola extremamente bem colocada no ranking” nacional de escolas e é o terceiro melhor estabelecimento de ensino público do Porto. A este propósito, o presidente da Associação de Pais, Lluvet Santos, lançou ontem a acusação: “querem destruir os bons e premiar os maus”.

De acordo com a Associação de Pais, este ano registou-se um aumento do número de alunos a frequentarem a escola: de 830 alunos inscritos no último ano lectivo passou-se para os 1050 este ano. Por isso consideram que é uma escola “bem dimensionada” e Lluvet Santos acrescenta que a situação actual da escola é “muito sustentável”.

A Associação de Pais encontra ainda um outro factor positivo para os alunos escolherem o Carolina para estudar: o metro. A procura da escola tem vindo a aumentar e o Carolina tem recebido alunos da zona oriental da cidade e também dos arredores do Porto, principalmente porque tem o metro “à porta”.

“Trocar qualidade por ensino de armazém”

A Associação de Pais diz que o director regional de Educação “pretende criar no Rodrigues de Freitas uma macro-estrutura que poderá atingir os 1500 alunos”, e acusa Lino Ferreira de querer “trocar o ensino de qualidade por um ensino de armazém”. Os pais dizem que a intenção da DREN é “encher” a escola Rodrigues de Freitas com muitos estudantes, e defendem que “mais alunos num mesmo espaço não significa mais qualidade”.

Quem parece defrontar-se com bastantes dificuldades é a Escola Secundária Rodrigues de Freitas, que conta com cerca de 20 docentes com horário zero, ou seja, professores que não estão efectivamente a leccionar. Os 500 alunos do ensino diurno não são suficientes para o número de professores, o que cria uma situação “insustentável”.

Face a isto, a Associação de Pais deixa uma questão: “querem fazer do Carolina uma muleta da sustentabilidade deles (da escola Rodrigues de Freitas) porque eles não têm valor? É o que eles estão a dizer?”

No ar ficou a promessa de utilizar “outras formas de luta”. Os representantes da Associação de Pais disseram aos jornalistas que em breve deverá ser pedida “uma audiência ao Presidente da República, à Assembleia da República e a todas as entidades” a quem o comunicado da Associação de Pais foi entregue.

Ana Correia Costa