Formas diferentes de jogar, mas qual delas a mais importante?

Dos três, Nedved é o único que ainda não foi considerado o melhor do Mundo. Pelo menos para a FIFA pois já o foi para a France Footbal. Três jogadores de alto nível, da melhor qualidade que temos no globo.


Luís Figo não é um jogador excêntrico. Não é o típico fantasista mas fantasia não é o que lhe falte nos pés. Como se costuma dizer, põe a bola onde quer. Os seus cruzamentos parecem teleguiados e é raro o ano em que não é o rei das assistências do seu clube. Ganhar espaço para cruzar não é problema. No um para um Figo é intratável. Para além disso, faz também muitos golos, sejam de bolas paradas, de remates de média/longa distância ou em jogadas de envolvimento. Isso só atesta algumas das suas qualidades: criatividade, técnica, velocidade, remate e precisão de passe.


Ao primeiro contacto, Zizou é o jogador mais espectacular dos três. Tem magia nos pés, e vê-lo tocar na bola é uma autêntica delícia. Os seus pés parecem almofadas tal a delicadeza com que recebe a bola. Raras vezes a perde. Com o talento e habilidade que tem, Zidane pode muito bem resolver jogos sozinho. Não é isso, no entanto, o que mais agrada ao francês. Prefere o colectivismo ao qual empresta um contributo decisivo. Passes para as costas dos defesas, lançamentos que levam a bola para zonas menos congestionadas e remates colocados são algumas das coisas que Zidane realiza com frequência. A marcar livres é um senhor, a sofrer faltas para tal também. Um desequilibrador que teria lugar em qualquer equipa ou selecção do Mundo.


Nedved não é tão tecnicista como Zidane nem tão preciso como Figo. Congrega, contudo, outras características que fazem dele um jogador de eleição. Jogou alguns anos como trinco, o que lhe fez ganhar uma combatividade invulgar para alguém que actua no apoio aos avançados. O seu pé esquerdo põe a cabeça em água a qualquer adversário. Nedved dá uma consistência assinalável ao meio campo de qualquer equipa. A influência que exerce sobre os colegas é preponderante. Muitos atribuíram a derrota da Juventus na Liga dos Campeões2003 à sua ausência. É o motor que comanda a selecção checa. Não é um goleador nato, mas não enjeita nunca a possibilidade de alvejar a baliza adversária. O seu remate potente e colocado é um trunfo que dispõe. Um portento.

André Morais