O curso foi promovido pela Câmara do Porto. Estar preparado para receber os estrangeiros durante o Euro2004 é o objectivo principal.

O curso termina a quatro dias do início do Euro2004. O primeiro jogo é no Estádio do Dragão e no dia oito já haverá muitos turistas pela cidade do Porto. Estarão os motoristas de táxi preparados para comunicar com pessoas de outra nacionalidade?

“Sim! Não vai ser um inglês perfeito, até porque são só três meses. Mas vai ser o mínimo para comunicar.” Esta é a certeza de Sílvia Gomes, a professora do grupo.
Luís Barbosa é taxista e partilha da opinião da formadora: “Estou preparado para aquelas primeiras frases de atendimento, para os levar ao aeroporto, ao estádio, aos hotéis, falar um pouco do circuito turístico do Porto… de uma maneira geral estamos todos dentro desses assuntos.”

Por curiosidade, para maior valorização profissional ou apenas para saber um pouco mais, a verdade é que a adesão foi enorme. Números surpreendentes para quem organizou a actividade: “o tempo que estão em aulas é tempo que não estão na praça a ganhar. Por isso não estávamos muito entusiastas mas, contrariamente, as inscrições foram num número muito elevado”, refere Sónia Las Casas. Estavam previstas duas turmas, mas a grande adesão obrigou ao acréscimo de uma terceira. São seis horas por semana, divididas por dois dias.

Protocolo com a Antral potencia formação

O curso de formação em Inglês para os motoristas de táxi surge no âmbito de um protocolo que a Câmara do Porto tem com a Antral, em que uma das condições é o município estimular condições de formação. O curso tem 120 horas, e o objectivo primordial é dar algumas noções básicas de Inglês. Contudo, segundo Sónia Las Casas, coordenadora do projecto, há outros: “pretendemos desenvolver outra componente que está sempre associada, que é o relacionamento interpessoal, de forma a acrescer alguma qualidade no atendimento.”

Foi precisamente este o objectivo de Luís Barbosa quando decidiu, voluntariamente, inscrever-se no curso: “É importante que haja um bom relacionamento entre taxista e passageiro. Por vezes há pessoas que acham que as recebemos com alguma antipatia, mas não… nós temos de dar uma boa imagem daquilo que somos. O público merece o nosso maior respeito e é bom que o taxista do Porto dê boa imagem de si mesmo e que a cidade fique bem vista pelo pessoa que a serve.”

O Porto como bom cartão de visita

A formação foi perspectivada no sentido dos taxistas adquirem as noções mínimas de comunicação, mas com o decorrer do tempo, Sílvia achou por bem “introduzir um pouco de história e património. Dar-lhe o Inglês básico mas também vocacioná-los para conversas mais específicas.” O Inglês aprendido é
satisfatório, mas Sónica Las Casas prefere pensar que a formação não tem fim com o término do Europeu: “No fundo nós estamos a dar a cana de pesca. Eles a partir daqui, têm de ser capazes, numa atitude autodidacta de desenvolver, ou então procurar outros níveis de Inglês, de forma a potenciar

Para além do conhecimento adquirido, os taxistas têm outros privilégios. A Câmara do Porto está a providenciar cartões que identifiquem os taxistas envolvidos na formação como certificados em qualidade de atendimento, bem como a divulgar a medida no sentido das pessoas preferirem esses profissionais em detrimento de outros. Esta é apenas mais uma medida da Câmara Municipal do Porto no sentido de a cidade ser um bom cartão de visita para o país durante o Euro2004.

André Morais