A campanha para as eleições europeias começou há apenas dois dias e já está envolta em polémica. A troca de insultos entre a coligação e o PS marcam o início da actividade partidária.
Tudo começou quando o presidente da Juventude Popular, João Almeida, num comício em Lisboa, falou de Sousa Franco como “um senhor careca, de óculos grandes e esquisitos”.

Sousa Franco já respondeu às críticas dizendo que “a crítica a inferioridades físicas de alguém é o primeiro sinal de racismo”. O cabeça de lista do PS acusou o partido de Paulo Portas de ter “nascido do ovo da serpente”, matando o “velho CDS” e tendo tendências “xenófobas” e racistas de extrema direita”. Na opinião de Sousa Franco, isto não é uma “troca de insultos” porque, defende, o PS tem sido apenas um alvo.

Esta linguagem “menos apropriada” é, na opinião do jornalista do “Público”, Mário Barros, “lamentável” porque “um ataque político nunca pode ser com questões estritamente pessoais. Esse ataque pessoal significa que não há ideias para combater outras ideias, mas há um resvalar para um outro lado do discurso político”.

Esta troca de “galhardetes” pretende, no entender de António José Teixeira, subdirector do «Jornal de Notícias», “desvalorizar a campanha e as eleições” notando que “há algum nervosismo no ar…”.

O CDS-PP já reagiu às acusações de Sousa Franco, na passada terça-feira, pela voz de Pires de Lima, exigindo um pedido de desculpas. Para Mário Barros, “é curioso ver que a reacção (do CDS-PP) é como o de uma «virgem ofendida» ”. Na sua opinião, “devia haver uma condenação de quem proferiu esses insultos, deixando de fazer esta campanha”.

As eleições para o Parlamento Europeu têm lugar no próximo dia 13. Os dois jornalistas não têm dúvidas: estes “insultos” vão ter repercussões na ida dos portugueses às urnas. “Os níveis de abstenção serão, previsivelmente, elevados”, afirma Mário Barros. “É mais um factor de desmobilização”, confirma o subdirector do JN.

«Por um pagam todos», isto é, os insultos proferidos por uns, deixa uma “má imagem” de quem as proferiu, que se estende a todos os outros. “É mais uma acha para a fogueira que vai queimando a imagem dos políticos”, acrescentado que “não se debatem ideias, até agora não houve grande discussão sobre as questões europeias de forma séria e empenhada”, conclui o jornalista do “Público”, Mário Barros.

Vânia Cardoso