Embora não haja dados em Portugal sobre esta matéria, Filipa Peixoto, do Conselho de Prevenção do Tabagismo, adiantou ao JornalismoPortoNet que há estudos de outros países que reflectem a realidade em geral. Por isso, afirma que “os gastos com a saúde são muito superiores ao dinheiro que o Estado obtém através dos impostos e noutro tipo de situações”, até porque, adianta, “aos custos motivados pelas doenças e mortalidade, há que juntar os custos socio-económicos derivados do absentismo laboral, das incapacidades permanentes e da redução da esperança de vida”.

Dados divulgados pela Direcção Geral das Alfândegas e Impostos Especiais sobre o Consumo(DGAIEC) mostram que no ano 2000 as receitas do imposto sobre o tabaco ascenderam a mais de um bilião de euros. Dos vários tipos de tabaco vendidos no país destacam-se os cigarros, cujo valor total de imposto é 120 vezes superior ao total obtido com os restantes tipos de produtos considerados (charutos, cigarrilhas, tabaco de corte fino, rapé e tabaco de mascar). No entanto, segundo a DGAIEC, “as taxas de imposto sobre os produtos de tabaco dependem do tipo de tabaco e do preço de cada produto”.

Tabaco e pobreza: um círculo vicioso

Foi este o tema escolhido para a campanha deste ano do «Dia Mundial sem Tabaco», organizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O slogan pretende explicar a ligação que existe entre o tabagismo e a pobreza e a forma como o consumo de tabaco pode trazer prejuízos para a economia dos países, nomeadamente dos mais pobres.

De acordo com a OMS, estima-se que, em 1994, os custos económicos do tabaco a nível mundial tenham atingido os 200 000 milhões de dólares, um terço dos quais corresponde aos países em desenvolvimento. O Banco Mundial calcula que os países com taxas de fumadores mais elevadas destinem anualmente entre seis a 15% das verbas destinadas à Saúde, para tratar os problemas relacionados com o tabagismo.

Implicações do consumo do tabaco

O tabagismo traz vários prejuízos a nível económico, mas também tem implicações na saúde, sociais e culturais.

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Segundo a Direcção Geral de Saúde, a economia do sector varia consoante o controlo agrícola do tabaco, bem como o controlo da indústria e regulamentação dos produtos. Estas implicações têm ainda a ver com a política fiscal e de preços e com as medidas vigentes de controlo das vendas.

A nível social e cultural nota-se a influência do tabagismo na forma como este é encarado pela sociedade. Fumar surge associado à ideia de moda e de estatuto social e funciona, muitas vezes, como ritual de socialização e integração no grupo de pares, principalmente durante a adolescência. Há também a noção de que fumar dá prazer e alivia o «stress». Segundo a DGS, este tipo de visão fomenta, de certa forma, o consumo.

Andreia Parente

Foto: DGAIEC.int”>Organização Mundial de Saúde