Segundo Filipa Peixoto, do Conselho de Prevenção do Tabagismo, em Portugal “os fumadores são em menor percentagem, mas fumam mais que nos outros países”. Além disso, “são fumadores mais pesados”.

Os Inquéritos Nacionais de Saúde (INS) mostram que a proporção de fumadores do sexo masculino tem vindo a diminuir, com excepção do grupo etário entre os 35 e os 44 anos. Mas no sexo feminino verifica-se a tendência inversa, nomeadamente ao nível das jovens. Em 1999, cerca de 29% dos homens e 8% das mulheres com idade superior a 15 anos eram fumadores e entre todos os inquiridos, apenas 6% admitia ter começado a fumar depois dos 24 anos. Os restantes diziam ter iniciado o hábito na adolescência: 19% antes dos 15 anos, 36% entre os 15 e os 17 e 39% entre os 18 e os 24.

Filipa Peixoto afirma que fumar pode trazer consequências muito sérias para a saúde, principalmente para os mais jovens que “como estão em desenvolvimento correm mais riscos”. “Primeiro porque os órgãos ainda não estão completamente formados, por isso são mais frágeis e depois porque as células, incluindo as más, se desenvolvem mais rapidamente. Assim, nos jovens que sofram de cancro, a doença evolui mais depressa”.

De acordo com a Direcção Geral de Saúde, em Portugal morrem por ano mais de 8 500 pessoas com doenças relacionadas com o tabagismo. Em termos gerais, cerca de 20% da população residente no continente, com mais de 10 anos, fuma. Mas, segundo os dados do Plano Nacional de Saúde quase metade dos fumadores quer deixar de fumar (42% dos homens e 48% das mulheres). No entanto, existem diferenças significativas entre os dois sexos. Os homens, quanto mais dependentes são, mais querem deixar de fumar, enquanto que as mulheres pensam de forma oposta: quanto mais dependentes, menos querem abandonar o tabagismo.

Jovens da União Europeia fumam cada vez mais

Em termos gerais o consumo de tabaco na UE tem vindo a diminuir. Mas de acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os jovens europeus fumam cada vez mais, com principal destaque para as raparigas que, em alguns países, já fumam mais do que os rapazes.

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De acordo com a OMS, “fumar é a segunda causa evitável de doença e de morte no mundo ocidental” e é responsável por cerca de 25 doenças graves “que ameaçam a saúde dos fumadores”. Anualmente morrem 4,9 milhões de pessoas, 500 mil das quais apenas no espaço da União Europeia. Os dados revelam também que quase metade destas mortes ocorre em pessoas de idade entre os 35 e os 69 anos e perto de um terço delas poderia ser evitado se deixassem de fumar.

Segundo o director geral da organização, Lee Jong-Wook, “tem-se verificado um progresso significativo no controlo do tabagismo graças aos esforços desenvolvidos por muitos governos e sociedades civis”. No entanto, “os esforços devem continuar porque a cada 6.5 segundos morre uma pessoa e muitas outras sofrem de doenças e deficiências devido ao consumo de tabaco”. De acordo com Jong-Wook, “não se pode aceitar de ânimo leve tantas perdas económicas e humanas evitáveis”.

Apesar dos progressos, o problema continua e a OMS alerta para o facto de que se nada for feito com urgência, em 2020/2030 o tabaco será responsável por cerca de 10 milhões de mortes por ano.

Andreia Parente