Para o presidente da Associação Académica da Universidade de Évora (AAUE),João Correia, o mal do movimento académico português reside na “instrumentalização dos dirigentes” por parte dos partidos políticos, vulgo “partidarite”.
João Correia frisa, no entanto, que a questão não passa tanto pela filiação num partido. Passa pela “política que terra queimada que alguns dirigentes praticam” e que deixa os “dirigentes “sérios”, os que defendem e lutam pela causa, a fazer uma força sobre-humana para manter a contestação viva”.
Contestação essa que passa não só pelas manifestações mas também por campanhas de informação junto dos estudantes. “Acima de tudo [a manifestação] tem de forçar sempre a informação”. Uma atitude partilhada por vários outros dirigentes académicos, como o presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior.

Num tom decidido e indignado com a situação do movimento académico em Portugal, João Correia é claro: “O movimento associativo tem todos os problemas que a sociedade em Portugal tem”. Para o dirigente de Évora o que empurra o movimento é o espírito dos jovens, que querem “udar o mundo, querem virar tudo”. E há os pontos de união com as outras associações, “os problemas transversais a todos, por exemplo a lei do financiamento que é igual para Évora, Coimbra ou Porto“. Mas acima de tudo isso, “o que une realmente é este Governo[o de Pedro Santana Lopes] e a política seguida”.

Quanto ao futuro, o presidente da AAUE é taxativo: “O futuro é tomar umas gotinhas de Gotalax[laxante] e expelir as partidarites todas. Devia haver também uma blindagem do ENDA(Encontro Nacional de Dirigentes Associativos) para quem trabalha e pôr fora quem não quer trabalhar ou só quer destruir.”

Tiago Dias