“As jovens conhecem as coisas, conhecem os riscos, mas não assumem esses conhecimentos no comportamento sexual”. É a conclusão a que chega o presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, Daniel Pereira da Silva.

Os adolescentes portugueses consideram-se, em geral, bem informados sobre o tema da contracepção. Dizem que hoje o assunto é mais falado, sobretudo nas escolas.

Ana Esteves, 16 anos, afirma não ser um problema de informação. “[Os estudantes] apenas não ligam”, diz. Ana afirma conhecer os principais métodos contraceptivos, sobretudo a pílula e o preservativo masculino. Mas considera que existem ainda alguns tabus à volta do assunto. “Conheço casos de raparigas que pensam que basta lavarem-se com o chuveiro depois de terem relações”.

Falta educação sexual

Tiago Leite, 16 anos, considera “estar a par do assunto”. Tiago é aluno de Desporto na Escola Secundária Carolina Michaëlis onde participou já em diversas iniciativas relacionados com o tema da sexualidade. Uma caixa para colocar perguntas e uma conferência sobre sexualidade e doenças sexualmente transmissíveis foram duas das iniciativas desenvolvidadas recentemente pelos alunos de Desporto.

Para além destas actividades, a sexualidade na Carolina Michaëlis também é tema de discussão nas aulas de Ciências. Isto é, de resto, o que acontece na maior parte das escolas do país. Segundo a vice-presidente da escola Carolina Michaëlis, Adriana Ferreira, as escolas não têm autonomia para colocarem nos quadros uma pessoa com formação específica na área da sexualidade. “Na nossa escola, as actividades relacionadas com o tema da sexualidade são desenvolvidas pela Associação de Pais, pelo Serviço de Apoio Psicológico e pelo Departamento de Biologia”.

Apesar de estarem mais informadas, as adolescentes não põem em prática esses conhecimentos. Segundo o estudo hoje conhecido, uma em cada seis jovens entre os 15 e os 19 anos não usa qualquer método contraceptivo. Destas, 33% já recorreram à utilização da pílula do dia seguinte.

Andreia Barbosa