Uma em cada seis jovens faz sexo sem protecção, apesar de cada vez mais informadas sobre os métodos contraceptivos. Os dados são revelados pelo estudo “A Avaliação das Práticas Contraceptivas das Mulheres Portuguesas”, feito pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução. O estudo – que será apresentado na totalidade terça-feira – contou com a participação de 3.900 mulheres dos 15 aos 49 anos, residentes em Portugal Continental, Madeira e Açores.

Cerca de um terço das jovens entre os 15 e os 19 anos, já recorreram à pílula do dia seguinte, valor que diminui à medida que aumenta a idade das entrevistadas. “É preocupante que esse método [pílula do dia seguinte] se torne corrente e usado com demasiada frequência porque as dosagens num ou dois comprimidos são altíssimas e o seu uso regular pode provocar acidentes vasculares ou mesmo aumentar a probabilidade do cancro da mama. Só deve ser usado quando os outros falham, por emergência”, afirmou ao JPN o presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, Daniel Pereira da Silva.

Ainda que a maior parte das mulheres (87%) se considere suficientemente informada sobre os métodos contraceptivos, uma em cada seis raparigas entre os 15 e os 19 anos não utiliza qualquer tipo de contraceptivo e três em cada dez jovens já utilizaram o coito interrompido, um método reconhecidamente falível. “Em termos de comportamento sexual,as pessoas não repercutem neles o seu conhecimento. É estranho ou talvez não porque em termos de sexualidade há um comportamento de facilitismo, procura do prazer pelo prazer e as consequências não são devidamente valorizadas”, reconheceu o presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia.

A pílula convencional continua a ser o método contraceptivo mais utilizado (88 %), seguido pelo preservativo (66,5%). No entanto, grande parte das entrevistadas confessou não ter seguido correctamente as indicações sobre a toma da pílula. O esquecimento do comprimido é também um problema: já aconteceu a três em cada quatro mulheres.

A utilização de métodos mais recentes como o adesivo transdémico, o anel vaginal e o implante subcutâneo é muito reduzida. Para Daniel Pereira da Silva, esta situação deve-se ao facto de serem menos conhecidos e da população portuguesa aderir bastante à pílula, muito mais do que outros países europeus. “Além disso, são usados como alternativa pelas mulheres que estão saturadas da pílula”, concluiu.

Carina Branco