Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego continua a aumentar. No final de 2004 verificou-se uma subida de 0,6% (7,1% em 2004 face aos 6,5% do mesmo período de 2003, o valor mais alto desde 1998). A União Europeia (UE) prevê que Portugal continue a divergir da média comunitária até 2006. Recorde-se que Portugal perdeu em 2004 mais de mil milhões de euros devido ao desemprego.

O PS prometeu, em campanha para as últimas legislativas, criar 150 mil postos de trabalho. No entanto, na área em que o governo tem poder para criar emprego (administração pública), José Sócrates já esclareceu que tenciona reduzir o emprego, permitindo apenas a entrada de um trabalhador por cada dois que se reformarem, o que resultará na descida do número de postos de trabalho avançado pelo PS para apenas cem mil.

Por outro lado, verificou-se nos últimos anos em Portugal uma redução massiva dos postos de trabalho, e aqueles 100 mil que seriam criados não chegariam para compensar os destruídos. Em apenas três anos (2001/2004) foram destruídos em Portugal, segundo o INE, quase duzentos mil postos de trabalho.

O desemprego provoca, inevitavelmente, a quebra do poder de compra da população, pelo que, muitas empresas não conseguem vender a totalidade do que produzem. Isto determina que tenham que fechar as portas, lançando no desemprego ainda mais trabalhadores, agravando o círculo “desemprego = riqueza perdida = desemprego”.

Necessidade de competitividade

Para evitar a falência, as empresas procuram diminuir os custos de produção, os quais passam, invariavelmente, pela deslocalização ou pela contratação de mão-de-obra mais barata, nomeadamente da proveniente dos países do Leste europeu, do Brasil, da Ásia e/ou de África.

“Continuamos a assistir ao encerramento e deslocalização de muitas empresas, bem como à redução de efectivos na sequência de processos de modernização e reestruturação, sem que existam mecanismos específicos de intervenção preventiva sobre estes fenómenos, que poderiam permitir atenuar os negativos impactos económicos e sociais, nomeadamente por via de acções de requalificação profissional e de apoio à reinserção”, afirma a UGT.

Segundo o coordenador do Observatório da Imigração do ACIME, Roberto Carneiro, “os gestores das empresas são unânimes em reconhecer as consequências muito positivas do recrutamento de trabalhadores imigrantes”, os quais revelam disponibilidade para trabalhar durante mais tempo, possuem mais mobilidade, vêm com mais qualificações e abertura total para o desempenho de várias funções, de diferentes naturezas, deixando para segundo plano o estatuto ou realização pessoal ou profissional.

“O factor mão-de-obra imigrante surge como uma alavanca fundamental para a competitividade das empresas nacionais”, segundo o Observatório para a Imigração (OI), e revela que “a maioria das empresas apresenta uma taxa de incidência desta força de trabalho entre 5% e 15% do total dos trabalhadores”.

Daniel Brandão