Foi a primeira aparição pública de Isabel Pires de Lima como ministra da Cultura. Veio a Vila do Conde, ontem, sábado, para assistir à inauguração da Solar – Galeria de Arte Cinemática, um projecto que pretende, acima de tudo, explorar o universo de relações entre o cinema e as outras artes.

Uma das prioridades da Galeria Solar, localizada no primeiro piso de um edifício histórico recuperado de Vila do Conde, o Solar de São Roque, é proporcionar a Vila do Conde e ao país um espaço permanente de exposição e apresentação de obras de artistas nacionais e estrangeiros que expressem uma forte ligação ao imaginário do cinema. Fotografia, vídeo, artes plásticas, música e, sobretudo, a interacção destas linguagens com o universo cinematográfico, serão objecto de apresentação neste espaço único a nível nacional.

A organização do projecto cabe à Curtas-metragens CRL, Cooperativa de Produção Cultural, também responsável pelo Festival de Curtas de Vila do Conde, de que esta iniciativa constituirá uma espécie de prolongamento. “Este projecto nasceu há dois anos. Começámos a imaginar um festival diferente daquele que era o festival de curtas. Hoje em dia, embora tenha como foco central a curta-metragem, é um festival com uma visão mais ampla, passando um pouco pelas outras artes. E nesse sentido, começámos a imaginar que podia ser interessante avançar para um espaço de exposições no qual pudéssemos mostrar projectos de autores que passam por cá e que são impossíveis de ver numa sala de cinema”, explica José Nuno Rodrigues, da organização.

É o caso do trabalho dos autores que inauguram este espaço de exposições, Christoph Girardet e Mathias Müller, cuja relação com o Festival de Curtas de Vila do Conde se estende já por alguns anos. “Play”, “Absence”, “Manual” e “Mirror”, são algumas das instalações desta dupla alemã patentes na Galeria Solar. Obras experimentais que se encontram algures na fronteira entre o cinema e a vídeo-arte, recorrendo ao “found footage” como elemento fundamental do processo criativo, e que podem ser vistas na Galeria Solar, até 26 de Maio.

Para mais tarde estão já agendadas novas exposições, revela José Nuno Rodrigues: “Vamos ter aproximadamente cinco ou seis exposições por ano. A próxima será de uma artista holandesa e de um artista austríaco que no ano passado estiveram cá no festival. São duas pessoas com percursos diferentes. Ela vem das artes plásticas e está a começar o seu trabalho na área do vídeo e do cinema. Ele é um cineasta e está a iniciar o seu percurso no campo das artes plásticas. É um bocado essa ideia de cruzamento e de fronteira entre as várias formas de arte que nós pretendemos fazer funcionar neste espaço”.

Anabela Couto
João Pedro Barros