A cultura espinhense está de parabéns. O Teatro Popular de Espinho (TPE) comemorou esta semana trinta anos de existência. Três décadas de alegrias, força de vontade e muito espírito de sacrifício que culminaram na apresentação de um novo espectáculo, denominado “Cocktail Azul”, que é, no fundo, uma retrospectiva do trabalho passado do grupo e uma forma de recordar as diversas gerações de actores de todas as idades, proveniências e profissões que já passaram pelos bastidores do TPE.

Nesta peça podemos encontrar excertos de peças representadas em diferentes períodos da história do grupo amador, como Mr. Big, de Woody Allen; D. Quixote de La Mancha, de Cervantes; Moby Dick, de Herman Melville; A Casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca; ou As Espigardas da Mãe Carrar, de Bertold Brecht, entre outras. Muitos dos actores que originalmente interpretaram estas obras já não fazem parte do TPE, mas o espírito e o entusiasmo próprios do projecto mantêm-se imutáveis.

O TPE nasceu há três décadas, mais precisamente a 21 de Março de 1974 (curiosamente, o Dia da Juventude), dia em que o grupo de teatro amador subiu ao palco pela primeira vez apresentando a peça “Gota de Mel” de Leon Chancerel. No entanto, este surgiu pela primeira vez antes do 25 de Abril de 1974 no seio da Secção Cultural da Associação Académica de Espinho, ainda sem grandes esperanças de poder subir ao palco, sendo posteriormente integrado na Cooperativa Nascente – associação de cariz cultural – em 1976.

Desde esse primeiro momento até ao mais recente “Cocktail Azul” muito se passou. Diversos elementos entraram e saíram do grupo; inúmeras peças foram levadas à cena; muitas gargalhadas e lágrimas partilhadas com o público; muita luta, esforço e dedicação para manter de pé um projecto com poucos recursos materiais e financeiros, mas rico em termos humanos.

Daniel Brandão