“Num ambiente em que os protagonistas primam pela previsibilidade e em que na imprensa triunfam os modelos ‘chave na mão’, apostámos clara e conscientemente num projecto inconfundível”. Eis as primeiras linhas do editorial da “Atlântico”, uma revista que saiu hoje, pela primeira vez, com o jornal “Público”.

Helena Matos, a directora da publicação, explicou ao JPN as razões do nome “Atlântico”: “Todos os nomes que nos interessavam remetiam para os valores que temos em comum, como a cultura ocidental, a forte convicção de que a aliança atlântica é um traço fundamental da nossa democracia e liberdade. ‘Atlântico’ foi o nome que reuniu mais consenso”, explicou.

Ao longo da revista podemos encontrar artigos de opinião, reportagens, ensaios, sugestões de livros, cinema, música, espaços e até comida. Nota-se uma preocupação formal a acompanhar os textos, ao nível das ilustrações e da tipografia. Além disso, Helena Matos considera que a revista é diferente de outras porque não se submete à “ditadura do formato e de caracteres”.

“Está instituído como dogma nas redacções que as pessoas não lêem. Esta passagem de um atestado de mediocridade aos leitores é uma coisa que nos recusamos a fazer. Estamos a trabalhar numa revista com pessoas que gostam de ler e escrever para pessoas que gostam de ler e, às vezes, de escrever ”, acrescentou a directora da “Atlântico”.

“Quando estiverem a falar de 2005 na comunicação social irão falar desta revista”

A revista surge como uma reacção à “mentalidade anti-americana”. “O detonador da ideia foi a perplexidade pelo facto de nos tempos pós-atentados se constatar na opinião pública portuguesa e europeia um mal estar muito grande da cultura ocidental consigo mesma. Por outro lado, contra uma forte frente anti-americana ou anti-aliança atlântica e em alguns casos quase uma simpatia ou, pelo menos, uma extrordinária compreensão pelos terroristas”, declara Helena Matos. Porém, a directora explica que em termos de filiações e simpatias partidárias o espectro dos colaboradores é amplo.

Relativamente às expectativas do projecto, a directora acredita que o mercado português não basta. É necessário que tenha publicidade. De resto, acrescenta: “O que eu tenho a certeza é que quando estiverem a falar de 2005 na comunicação social irão falar desta revista”.

A periodicidade da “Atlântico” é mensal e o preço de capa é de 3 euros. Apesar de se vender autonomamente, a produção e distribuição são da responsabilidade do jornal “Público”.

Carina Branco