A coligação “Força Itália” do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, sofreu ontem, segunda-feira, uma pesada derrota nas eleições regionais. As sondagens feitas à boca das urnas indicam que a coligação perdeu seis das oito regiões sobre as quais detinha controlo, ficando a dez pontos da oposição, resultado que nem esta esperava. “O resultado que se anuncia é largamente superior às nossas mais optimistas expectativas”, declarou Arturo Parisi da oposição. “Os italianos pedem-nos para que nos preparemos para governar” “A Itália precisa de credibilidade, esperança e unidade”, afirmou o seu rival Romano Prodi, líder da “A União”, a coligação de centro-esquerda.

Apesar da ligeira diminuição da afluência às urnas em relação a 2000 (passou de 73 para cerca de 71%), em parte devido à atenção dedicada à morte do papa João Paulo II, o resultado das eleições não foi prejudicado: cerca de 40 milhões de eleitores passaram pelas mesas de voto. Assim a aliança de centro-esquerda detém agora o controlo de 11 das 13 regiões que foram chamadas a votar no domingo e na segunda-feira passadas. Recorde-se que a Itália possui 20 regiões, sendo que cinco delas não contavam, enquanto que a de Basilicate só será chamada a votar daqui a duas semanas. Segundo as últimas sondagens, também aí a oposição conseguirá obter a vitória.

Segundo sondagens à boca das urnas e projecções, a coligação de Berlusconi apenas conseguirá manter as regiões de Véneto e Lombardia (onde se localiza Milão, cujo principal clube de futebol, o AC Milan, é presidido por Berlusconi), perdendo para a “União” a Ligúria, Piemonte, Apúlia, Abruzos, Calábria e Lácio.

Estes resultados podem ser interpretados como uma forma de os italianos dizerem que não estão contentes com a estagnação da economia italiana e manifestarem o desejo de uma mudança política nas próximas eleições legislativas. Apesar de tudo, Berlusconi garantiu que não irá apresentar a sua demissão, nem Prodi o exige, uma vez que diz precisar de tempo para preparar o seu programa.

Esta derrota vem na sequência da retirada de confiança por parte das elites italianas, a que agora se junta o eleitorado, resultado que nem o anúncio da retirada das tropas do território iraquiano em Setembro próximo conseguiu impedir.

Daniel Brandão
Fotografia: Associated Press