Os dirigentes académicos do Porto e Coimbra reagem com satisfação ao anúncio do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de alargar a Acção Social ao segundo ciclo de formação de Bolonha, correspondente ao actual mestrado. No entanto, colocam ainda algumas reservas em relação à aplicação prática da medida.

Mariano Gago confirmou ontem ao JPN a sua intenção, afirmando que tal alargamento “só não faria sentido no que respeita ao doutoramento” porque este “já é apoiado doutras formas”. E adiantou que “melhorar a eficácia do sistema de acção social escolar, diminuindo a proporção dos gastos com funcionamento e aumentando a proporção dos gastos com o apoio aos estudantes carenciados”, é um objectivo do Executivo que consta, desde o início, no Programa do Governo Socialista.

O presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), Fernando Gonçalves, mostra a sua satisfação relativamente a esta possibilidade. “Aquilo que a AAC defende é que, de facto, deve haver um grande apoio aos alunos das pós-graduações, mestrados e doutoramentos, porque, de facto, é do interesse nacional que a população seja mais qualificada. E, conhecendo nós que os valores elevados que envolvem a realização de um mestrado e um doutoramento, concordamos que haja um acompanhamento dos estudantes a nível financeiro”.

No entanto, Fernando Gonçalves deixa um alerta ao Governo: “A AAC concorda totalmente com esse alargamento, mas alerta para que o Estado tenha a consciência de que a esse nível terá que aumentar também as verbas dispendidas para que, de facto, o sistema de Acção Social já hoje deficiente para os alunos das licenciaturas não se torne completamente insuportável, a partir do momento em que se juntem os alunos de licenciatura, pós-graduação, mestrado e doutoramento”.

Já o Presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Pedro Esteves, vê este alargamento como inevitável “se se verificar a falta de financiamento do Estado ao segundo grau igual ao primeiro”. Isto porque, de acordo com Pedro Esteves, “isso vai obrigar a que muita gente, após o primeiro ciclo vá para a vida profissional, porque não tem mil contos para pagar o segundo ciclo e continuar a vida académica. Ou seja, vai dimimuir muito o número de estudantes no ensino superior”. O dirige considera “essencial e fundamental que haja um apoio da Acção Social a esse nível”.

Anabela Couto