O Papa João Paulo II é considerado o mais mediático de sempre. A atenção dos média ao Papa ultrapassa largamente a cobertura mediática do funeral da princesa Diana, do 11 de Setembro e do recente tsunami que assolou a Ásia, segundo dados do Global Language Monitor. O estudo indica que nos primeiros quatro dias após a morte de João Paulo II produziram-se 75.000 novas notícias e mais de 10 mil citações relacionadas, na Internet.

“É muito provável que o próximo evento destes à escala mundial ultrapasse o do Papa. Isto resulta da expansão dos meios e do acesso das pessoas aos meios”, explica o professor no Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho, Luís Santos.

O início do pontificado deste Papa situa-se num ponto anterior aos primeiros indicadores da comunicação global e ao surgimento das cadeias internacionais. No entanto, João Paulo II “conseguiu compreender o verdadeiro conceito da ‘aldeia global’”, afirma o professor.

Papa usou os média e foi usado por eles

“Acho que estes processos nunca são unilaterais. O Papa era conhecido por cultivar, se não relacionamentos pessoais, pelo menos algumas palavras pessoais com todos os jornalistas que viajavam com ele. Há aqui uma semelhança muito grande com o que fazem os políticos nas caravanas políticas”, refere Luís Santos que considera ainda que o Vaticano mostrou uma grande abertura aos média nos últimos dias.

O Chefe de Estado

João Paulo II teve um papel político muito mais activo que os anteriores Papas. A Igreja Católica foi catalizadora de mudança política em quase uma dezena de países, principalmente em África e na América Latina. “Este Papa era absolutamente revolucionador na noção de dar à Igreja Católica um papel político. Com este papa, a Igreja passou a ter um papel político muito relevante. George Bush foi ao Vaticano”, afirma o docente.

Evolução mediática na Igreja Católica

O pontificado de João Paulo II fica marcado por uma mudança na sua relação com os média. “Abriu-se aos média, mas com as suas regras. É uma abertura controlada”, explica o professor.

Luís Santos considera que as pessoas vão inevitavelmente comparar João Paulo II com quem vier a seguir. “Há marcas muito profundas que este Papa deixou. O Papa que lhe suceder vai ter de continuar a viajar muito e a contactar com várias pessoas de vários países. João Paulo II levou a Igreja Católica a todo o mundo”.

Pedro Sales Dias