Vir estudar ciência para Portugal foi a opção tomada pelos diversos alunos estrangeiros que frequentam a FCUP ao abrigo do programa Sócrates/Erasmus.

A maioria dos estudantes de Erasmus vêm do país vizinho, Espanha, mas também se encontram alguns que vieram de mais longe. Este ano, a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (UP) recebeu 30 alunos oriundos de vários países europeus.

Alicia Latorre é espanhola e está a frequentar Química na Universidade de Santiago de Compostela. Escolheu vir para o Porto, devido “à proximidade com a Galiza e à semelhança da língua”. Está na UP desde o início deste ano lectivo e já nota algumas diferenças nos métodos de ensino. A estudante afirma que “as aulas aqui [Porto] são mais práticas, há muito mais participação das pessoas”. Acrescenta ainda que “na Espanha as aulas têm muita gente e não se tem uma relação pessoal com os professores”.

Juan José Sendom é colega de Alicia no curso de Química e está muito satisfeito com esta experiência. “Aqui o professor sabe o teu nome e cumprimenta-te no corredor, isso agrada-me muito”, diz o jovem galego. Juan ficou muito impressionado com as condições da faculdade: “as instalações são incríveis, temos muitos aparelhos nos laboratórios”, afirma. É provável que o facto de em Santiago de Compostela estudar num edifício antigo condicionou a sua opinião. “Em Santiago, a faculdade de ciências é muito antiga e os laboratórios já estão muito velhos, há muito material [de laboratório] novo que eu conheci aqui”, explica.

Do Porto levam a recordação de “gente muito amável, muito disponível” e de “uma comida deliciosa”, diz Alicia Latorre. Já Juan Sendom salienta que gosta muito da cidade invicta, “a mistura da zona antiga com a zona moderna é muito bonita”, que e elege de imediato duas áreas preferenciais: “encantaram-me a zona da Ribeira e da Foz”.

“Não temos o costume de fazer pausas para tomar café”

Markus Schmalzl é um estudante alemão de Física que veio para a UP desenvolver o seu projecto científico de final de curso. Com apenas um mês entre nós, Markus diz já estar a gostar muito da experiência.

Uma das primeiras surpresas foi vir estudar para “uma faculdade tão pequena”. “[Na Alemanha] não temos uma faculdade de ciências com muitos cursos, como o de Física, mas sim uma faculdade para cada um dos cursos. Eu estudava na faculdade de física que tinha muitos mais alunos que esta”, diz.

A escolha pelo Porto não foi aleatória. A sua namorada é portuguesa, estudante da UP, e o jovem conheceu-a aquando da sua ida à Alemanha para fazer Erasmus. Mas esta não é a única razão. “É importante para os jovens cientistas estudarem em países estrangeiros para se habituarem a contactar com outros especialistas”, acrescenta.

Uma das curiosidades que Markus gostou em Portugal foi o facto de “todas as faculdades terem um bar, onde os alunos podem ir simplesmente tomar um café e estar lá a conversar”. “Na Alemanha não temos isso. Há apenas um grande refeitório para todo o ‘campus’ universitário”, lamenta. Quando chegou ao Porto, teve como maior dificuldade de adaptação os horários. “Aqui vai-se muito tarde para a cama, mesmo quando é preciso levantar-se cedo no dia seguinte”, diz.

Número de alunos estrangeiros a realizar (ou que realizaram neste ano lectivo) Erasmus na FCUP:

Espanha: 20
Itália: 3
Alemanha: 2
Grécia: 1
Polónia: 1

Milene Câmara