“Existe uma Queima das Fitas e uma coisa que as pessoas querem transformar em Queima que é o borrachódromo”, afirma o “Dux” da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), Miguel Xavier Pereira.

O “Dux” considera que a festa que todos os anos tem tomado lugar no recinto do Parque da Cidade do Porto não faz parte da tradição académica. “Para mim o ‘queimódromo’ não faz parte da Queima das Fitas. Deviam ser apreciadas todas as outras actividades que não isso”, frisa.

O veterano explica ainda que as noites da Queima das Fitas não se revestem de qualquer tipo de significado praxístico e acusa certas instituições de possuírem interesses económicos, razão pela qual organizam as noites da Queima das Fitas. “As noites da Queima foram criadas não pelos praxistas, mas sim pela Federação Académica do Porto para tentar angariar dinheiro”, acusa.

Por outro lado, Sofia Almeida, finalista da FLUP e elemento do Orfeão Universitário do Porto (OUP) pensa que existem “as duas tradições”: “uma é a Queima do ‘Queimódromo’, outra são as actividades tradicionais da Queima. No entanto, deve ser mais apreciada e perpetuada a Queima tradicional. Jéssica Pereira de Sá, “caloira” na mesma instituição, explica que “são coisas bem distintas porque Queima é tradição, o resto é bebedeira, é festa só”.

“Queimódromo” prejudica a Queima das Fitas tradicional

Para o praxista Miguel Xavier, os estudantes desinteressam-se por alguns eventos importantes da Queima tradicional. “A tradição tem sido prejudicada pelo ‘Queimódromo’, umas pessoas desconhecem-na, outras nem querem lá estar”, refere.

Por seu lado, Sofia Almeida considera que as noites da Queima não colocam em causa a tradição. “Na festa há a oportunidade de todos participarem, mesmo aqueles que não são pela praxe. O ‘queimódromo’ cativa mais os estudantes do que os tradicionais eventos da Queima das Fitas. Nada impede que se vá às duas queimas, uma durante o dia outra durante a noite”, explica.

Excessos da Queima são próprios de festivais rock

Em relação aos habituais excessos cometidos pelos estudantes nas noites da Queima das Fitas, o veterano considera que “são comportamentos típicos da juventude, que se cometem também em festivais rock e noutras actividades”, mas que cabe aos mais velhos tentar impedir esses comportamentos.

Questionado pelo JPN em relação à possibilidade de no futuro deixar de haver a tradicional Queima das Fitas, o “Dux” de Letras remete a resposta para o “Magnum Concilium Veteranorum”, “o órgão que tutela a praxe na Academia do Porto”. O órgão da praxe académica é constituído pelos “duxes” de todas as faculdades da Academia do Porto e é liderado pelo “Dux Veteranorum”, o mais velho entre os mais velhos.

Pedro Sales Dias