A Serenata marca o início dos festejos da Queima das Fitas e o iniciar de uma nova caminhada. É o momento em que os padrinhos tradicionalmente traçam as capas aos seus afilhados caloiros, que trajam pela primeira vez. Estima-se em vinte mil o número de estudantes trajados que assistirão ao evento académico, que decorre junto à antiga Cadeia da Relação, na passagem de sábado para domingo.

As horas seguintes são inauguradas pela Missa da Bênção das Pastas, que este ano se realiza às 11h00 de domingo, no Estádio do Bessa. “É uma actividade criada no sentido do divino abençoar do humano. Como é evidente as opiniões podem se dividir consoante a religião. A praxe académica não segue credos religiosos”, refere o “Dux” da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), Miguel Xavier Pereira.

A Missa da Bênção das Pastas é um dos momentos de maior significado para os finalistas que, após longos anos de estudo, pedem a Deus uma bênção para o seu futuro profissional.

No domingo, tem ainda lugar o Encontro de Coros Académicos do Porto (ECAP) que caminha para a sua oitava edição. O encontro realiza-se no Ateneu Comercial do Porto e conta este ano com a participação dos Coros do Orfeão Universitário do Porto (OUP), da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Faculdade de Economia do Porto e do Coro Académico de Coimbra. “A cerimónia é solene. É bonito ver o trabalho dos coros da academia e saber que há mais estudantes como nós a lutar pelo mesmo objectivo, que é manter um coro”, afirma Marta Dinis, elemento do Coro do OUP .

Entre outros eventos são também dignos de referência o dia da beneficência e Concerto Promenade, ambos na segunda-feira. A beneficência “tem o significado da solidariedade. O dinheiro recolhido pelos caloiros reverte a favor de uma instituição de solidariedade da cidade”, menciona Miguel Xavier Pereira.

O Cortejo académico

É o momento mais alto da Queima das Fitas e o símbolo da comunhão dos estudantes com a cidade. Realiza-se terça-feira, na baixa do Porto, às 15h00. “Simboliza o momento da despedida para os finalistas”, afirma Sofia Almeida, finalista da FLUP.

No dia seguinte, 4 de Maio, realiza-se o XVIII Festival Ibérico de Tunas Académicas (FITA). “É um festival de muita qualidade”, diz Marta Dinis elemento também integrante da Tuna Feminina do OUP. O festival conta com a actuação das Tunas de Contabilidade do Porto, Académica de Economia, Académica do Instituto Superior de Engenharia, Engenharia do Porto, Medicina do Porto, Académica da Universidade Portucalense, Universidade Católica do Porto, da Tuna Feminina do OUP e da Tuna Universitária do Porto. As duas últimas são extra-concurso.

Cultura na Queima das Fitas

A Queima das Fitas do Porto tem uma forte vertente cultural marcada pelo Sarau Cultural de 5 de Maio, no Cinema do Terço às 21h00. No sarau, os estudantes podem mostrar perante os seus colegas aquilo de que são capazes nos mais diversos ramos artísticos.

O Baile de Gala, que terá lugar no Casino da Póvoa no dia 6 de Maio às 21h00, representa o final da vida académica dos estudantes. Por seu lado, o chá dançante, prioritariamente dirigido aos estudantes que estejam inscritos no penúltimo ano do curso, serve de convívio e momentos de dança entre os estudantes.

Os eventos tradicionais da Queima da Fitas encerram com a habitual Garraiada, no domingo, 8 de Maio, às 15h00 na Praça de Touros da Póvoa de Varzim. Na arena, várias faculdades e institutos disputam a pega do touro. A disputa passa também pelas bancadas com o prémio para melhor claque.

Na Queima das Fitas, a tradição ainda se perpetua. É caso para dizer que a tradição ainda é o que era, para aqueles que pela primeira vez entram no mundo académico e para aqueles que, a poucos dias do adeus final, já guardam saudade.

Pedro Sales Dias