“É o café mais académico do Porto e o terceiro mais antigo”, explica o sócio-gerente do Café “Piolho” desde há 26 anos, José Martins.

Ao longo de quase um século, o “Piolho” tem sido um ponto de referência para a população académica. O que se explica, segundo José Martins, por “passar de geração em geração”. O próprio nome do estabelecimento foi dado pelos estudantes de medicina, pelo facto de o espaço ser demasiado pequeno para a concentração de estudantes. As lápides em latim estão espalhadas pelas paredes do “Piolho” “para não se entender o nome que os estudantes tinham dado ao Café Âncora Douro”, explica José Martins.

Durante o Estado Novo, o “Piolho” era um espaço “perseguido por ser tão popular entre os oponentes ao fascismo. Era no ‘Piolho’ que se refugiavam as camadas políticas para fazerem as suas tertúlais e discutirem as suas ideias. Foi frequentado pelos ‘indesejados do regime’ e, inclusivamente, os cavalos da GNR chegaram a andar aqui dentro”, diz o seu gerente.

“É uma verdadeira família: os doutores incutem nos caloiros o respeito que deve existir pelo ‘Piolho’”. Nas praxes nos “Leões”, “os doutores vêm sentar-se aqui a beber e eles só entram aqui quando os doutores derem autorização. Dizem-lhes: ‘Na faculdade, vocês entraram por mérito próprio; no ‘Piolho’ só vão entrar quando nós quisermos’”, diz, entre risos, um dos sócios do “Piolho” há mais de um quarto de século.

Os tempos mudaram desde o início da Queima das Fitas no Porto, na década de 40. Contudo, o veterano da Academia do Porto, Américo Martins, diz que “a Queima é sempre a mesma. A vivência da juventude, que se celebra na Queima, é igual em cada época”.

Letícia Amorim
Foto: NJAP/JU