A notícia foi avançada hoje de manhã pelo suplemento de negócios do “Jornal de Notícias”. Segundo um estudo do Observatório da Ciência e do Ensino Superior, a que o jornal teve acesso, a taxa de insucesso do ensino superior em Portugal ronda os 40%.

A razão desta situação poderá prender-se com dificuldades económicas dos estudantes que os impossibilitam de financiar todos os encargos que o ensino superior comporta. Esta realidade ganha contornos preocupantes quando se observam os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) que confirmam a ideia de que vale a pena “ter um canudo”.

Segundo o INE, um empregador licenciado ganha 76% mais do que um empregado que não tenha concluído um curso superior. Comparados com os salários de um trabalhador sem qualquer nível de escolaridade, a clivagem é ainda maior. A remuneração do licenciado é 216% superior à remuneração do trabalhador sem formação.

Reacção da banca

Para ajudar a solucionar esta situação, o Banco Santander planeia lançar uma campanha de empréstimos que pretende beneficiar mil estudantes do ensino superior por ano. Para tal irá disponibilizar a verba de 130 milhões de euros para ser usada em cinco anos. No entanto, o acesso a este crédito não é comparável a um comum crédito automóvel ou para compra de um imóvel.

Segundo o “JN Negócios”, qualquer aluno de qualquer universidade – pública ou privada – independentemente da situação socio-económica do agregado familiar (ao contrário do que ocorre nas Bolsas de Acção Social) pode aceder a este crédito. Porém, as condições de acesso ao mesmo dependem do aproveitamento do estudante.

FAP comenta estudo

ine_pedroesteves.jpgPedro Esteves, em declarações ao JPN acredita na fiabilidade dos dados divulgados pelo “JN Negócios”. “Pelo conhecimento de causa que temos, esses números devem ser fiáveis”, “O insucesso escolar no Ensino Superior é muito grande e na origem estão razões económicas, pelo que é cada vez mais comum encontrarmos estudantes universitários obrigados a arranjar uma ocupação em part-time”, afirma o
presidente da FAP.

Segundo Pedro Esteves, a impreparação pedagógica de alguns professores é também um factor que pesa muito no insucesso de muitos percursos académicos.

O dirigente académico acredita que os empréstimos poderão vir a ser a solução para famílias de classe média/média alta. Estas famílias podem assim ter “algum fôlego financeiro, já que estão muitas vezes impedidas de aceder aos tradicionais subsídios de Acção Social, nos quais basta o rendimento familiar ultrapassar três salários mínimos para que o aluno fique automaticamente excluído”.

Pedro Esteves sublinha, porém, que estes empréstimos “não poderão nunca substituir-se aos subsídios de Acção Social para não prejudicar as famílias de recursos económicos mais reduzidos”.

Hugo Manuel Correia