“O cinema português tem muito pouco peso na minha carreira. A única influência é de Manoel de Oliveira, porque comecei a trabalhar com ele”, diz João Canijo, o realizador convidado pelo Teatro Rivoli, no Porto, para a semana do ciclo de cinema português “4+1”.

“Verdes Anos”, de Paulo Rocha, “Francisca” de Manuel de Oliveira, “Um Adeus Português” de João Botelho, “Comédia de Deus”, de João César Monteiro e “Ganhar a Vida” da sua autoria foram os filmes escolhidos pelo realizador para exibir esta semana. “Francisca” não foi exibido na terça-feira porque estava em más condições. Por isso, sábado será mostrado “O passado e o presente”, de Manoel de Oliveira.

“Escolhi a Comédia de Deus, porque é um dos meus favoritos, o do Manuel de Oliveira, porque é incontornável e os outros dois porque representam épocas culturais diferentes”, justifica ao JPN João Canijo.

Para João Canijo, “A Comédia de Deus”, exibido ontem, quinta-feira, é o melhor filme de João César Monteiro. “Vitória, vitória, acabou-se a história! Gosto deste filme porque me faz rir, diverte-me”, diz o realizador.

“César Monteiro faria o filme da mesma forma”

A história da “Comédia de Deus” gira em torno de João de Deus, da sua loja “Paraíso dos gelados” e da sua relação com as suas funcionárias. O encarregado da loja estabelece uma relação íntima com Joaninha, de 14 anos, filha de um talhante. O filme toca assim no tema da pedofilia.

João Canijo pensa que, se João César Monteiro tivesse realizado o filme hoje, “tê-lo-ia feito exactamente da mesma forma, apesar do caso Casa Pia”. O realizador admite, no entanto, que provavelmente teria causado algum escândalo.

Esta noite, as pessoas que se dirigirem ao Rivoli podem assistir ao filme “Ganhar a vida”, de João Canijo.

Andreia Ferreira
Foto: Filmefestival