A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) reivindica mais prática no último ano de licenciatura e pede ao governo que adie o exame de acesso à especialidade. “Andamos mais preocupados em decorar a matéria e passar nos exames que temos do que estar realmente a aprender medicina e a ter contacto com os doentes. Normalmente sabemos a teoria toda, mas falta-nos a prática que depois nos vai fazer muita falta”, defende Pedro Lopes, presidente da ANEM.

O estudante queixa-se de um 6º ano pouco profissionalizante. A ANEM pede mais prática nos cursos de medicina, já que o “ano comum” (ano depois de terminada a licenciatura e sem o qual os recém-licenciados não podem praticar medicina) passou de dois para um ano.

Pedro Lopes deseja que o exame de medicina para acesso à especialidade seja adiado. De acordo com o novo diploma do Internato Médico, os recém-licenciados que frequentam o ano comum poderão fazer o exame de acesso è especialidade em Outubro. O mesmo diploma diz que os alunos do 6º ano podem fazer o mesmo exame em Dezembro deste ano.

Os exames de acesso à especialidade não foram, no entanto, ainda marcados pelo Governo. A ANEM pede a alteração destas datas, porque considera que os prazos já foram “mais do que extrapolados” pelo governo. Propõe que “os internos do ano comum realizem o exame em Dezembro do corrente ano e os alunos do 6º ano em Junho do próximo ano”.

O anterior diploma do Internato Médico previa que os médicos esperassem dois anos para fazer o exame de acesso à especialidade. Este diploma foi alterado e os jovens médicos passaram a esperar apenas um ano. O novo diploma do Internato Médico prevê que o exame de acesso à especialidade possa ser feito pouco tempo após o témino da licenciatura. A ANEM não se opõe, mas diz que nesta altura “é já impossível que o exame se realize, porque ainda não foram conhecidos os prazos”.

“Está-se a pôr em risco a qualidade do ensino médico”

O presidente da Associação de Estudantes de Faculdade de Medicina do Porto também fala da pouca profissionalização do 6º ano. Miguel Azevedo afirma que se pode estar a pôr “em risco a qualidade do ensino médico”. O estudante diz que “as pessoas estão a dedicar muito tempo a estudar para o 6º ano e para o exame de acesso è especialidade e a dedicarem pouco tempo à sua prática clínica”.

Miguel Azevedo acrescenta que, aliado a este “excesso de teoria”, o desconhecimento da data do exame de acesso à especialidade traz “uma grande instabilidade a nível emocional”.

Andreia Ferreira
Foto: portal.modern