Há neste momento algum projecto de investigação espacial que prometa grandes avanços para o conhecimento do espaço?

A procura de planetas extra-solares. Neste momento, quase tudo o que é missão espacial científica que será lançada nos próximos anos tem uma componente de procura de planetas extra-solares. Até há bem pouco tempo, estes planetas eram detectados indirectamente, ou seja, nós víamos a influência dos planetas na estrela à volta da qual faziam o seu movimento de translacção.
Há bem pouco tempo, o Observatório Europeu do Sul anunciou que observou um planeta directamente pela primeira vez, tendo tirado uma fotografia em infra-vermelhos. Mas até agora os planetas que descobrimos são planetas maiores do que Júpiter ou do tamanho de Júpiter. Portanto, para nós, que vivemos num planeta pequenino, não nos interessa assim muito.

O objectivo seria encontrar planetas do tamanho do nosso?

Exacto. Planetas do tamanho do nosso e que se saiba que são parecidos com o nosso e com probabilidade de ter vida.

Recentemente correu a notícia que tinha sido descoberto um nono planeta no nosso Sistema Solar. Essa notícia confirma-se?

Isso tem muito a ver com a definição que se dá a “planeta”. Por exemplo, a maior parte da comunidade astronómica internacional já não considera Plutão um planeta. Porque, para lá de Neptuno há uma espécie de cintura de asteróides que não é feita de pedra mas de bocados de gelo. É a chamada Cintura de Kuiper.
É de lá, por exemplo, que vêm os cometas que de vez em quando vemos por cá. Neste momento já está a ser cada vez mais aceite que Plutão não será um planeta principal, mas sim um desses corpos gelados que existem nessas órbitas distantes.

Ainda não existe nenhuma fotografia de Plutão?

Nunca conseguimos enviar uma sonda para perto de Plutão e tirar uma fotografia. As imagens que temos são de telescópios. As melhores são do telescópio Espacial Hubble, mas mesmo assim não dá para ver nada da superfície. Dá para ver que existe ali uma “bola”, que tem uma bola mais pequenina a andar à volta que é o satélite que se chama Caronte, mas pouco mais. Esse décimo planeta, que é já o segundo décimo planeta que se tinha descoberto, chama-se Sedna, e é exactamente um desses corpos que orbita para lá de Neptuno.

Fará parte da cintura de Kuiper?

Não se sabe muito bem se ele não está mais longe da Cintura de Kuiper. Para lá desta cintura existe a Nuvem de Oort. É uma nuvem esférica feita de gelo e pedras geladas. Como ele está um bocadinho mais distante do que se julga ser o limite da cintura de Kuiper, pensa-se que poderá ser o primeiro descoberto na Nuvem de Oort. Mas, como não sabemos bem onde acaba uma e começa a outra, não o poderemos dizer com certeza.

Hugo Manuel Correia
Foto: NASA