Presidente dos EUA diz que defenderá os interesses americanos na cimeira dos oito países mais ricos do mundo.

“Qualquer tentativa de acordo que se assemelhe ao protocolo de Quioto terá a oposição dos Estados Unidos. Jamais assinarei um acordo que limite as emissões de dióxido de carbono; essa seria uma medida que deixaria a nossa economia de rastos”. George W. Bush reafirmou segunda-feira a posição dos Estados Unidos relativamente a Quioto, em entrevista à estação televisiva britânica ITV. E essa é a convicção que o presidente dos EUA leva para o encontro do G8, que começa hoje, quarta-feira, em Gleneagles, na Escócia, sob a liderança do primeiro-ministro britânico, Tony Blair.

A cimeira junta os sete países mais ricos do mundo (EUA, Canadá, Reino Unido, Japão, Alemanha, França e Itália) e a Rússia. Em cima da mesa, estará também a questão da dívida africana, o aumento da ajuda a África e a abertura dos mercados às exportações do continente mais pobre do mundo. Estas medidas fazem parte da agenda que Tony Blair leva para o encontro que termina amanhã.

Para já, tudo aponta para que as expectativas mais significativas (como a questão das alterações climáticas) saiam frustradas. Com uma agravante: a relação entre Reino Unido e Estados Unidos pode não sair ilesa.

Na mesma entrevista, Bush lembrou ao primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que este não deve esperar condescendências na posição dos EUA como moeda de troca do apoio britânico à guerra no Iraque. “Tony Blair tomou as decisões que pensava serem as melhores para manter a paz e ganhar a guerra ao terrorismo, assim como eu”. E acrescentou: “Vou ao G8 com uma agenda que penso ser a melhor para o nosso país”.

Bush permanece irredutível

O presidente dos EUA mantém-se inamovível relativamente à redução das emissões de gases para a atmosfera, referindo apenas que as alterações climáticas “são um problema significativo a longo prazo e por isso precisa ser resolvido”.

Bush defende que o problema das emissões de gases nocivos para a atmosfera resolve-se com novas tecnologias. Contudo, não concretizou quais.

Há dois dias, a imprensa inglesa avançava que, para fazer face à posição americana relativamente ao objectivo ambiental, Downing Street teria já preparado um “plano B”: elaborar um novo documento onde apenas se reitera a preocupação dos líderes do G8 com as alterações climatéricas.

Em vigor desde Fevereiro, o protocolo de Quioto – primeiro documento internacional que determina objectivos concretos no combate às alterações climáticas – tem como meta a redução global de 5,2% na emissão de gases com efeito de estufa (responsáveis pelo aquecimento global) entre 2005 e 2012, tendo como base os níveis de 1990.

Os objectivos do protocolo aplicam-se aos 30 países industrializados que o ratificaram. Depois de algum impasse, a Rússia (responsável por 17% nas emissões mundiais) acabou por subscrever o documento, uma assinatura fundamental para fazer avançar o protocolo, já que os EUA (que produzem 25% das emissões mundiais) recusaram-se a ratificar o protocolo . Isto porque, para que o acordo entrasse em vigor, era necessário que os países subscritores fossem responsáveis, enquanto produtores, por 55% do total das emissões de gases com efeito de estufa.

Ana Correia Costa
Foto: Getty Images