Na primeira noite do festival Vilar de Mouros, dedicada em boa parte ao metal, destacou-se a sobriedade dos Anathema, face à opulência barroca dos Nightwish, que fecharam a noite, e dos Within Temptation.

A abrir a noite estiveram os portugueses Oratory, com “power metal” competente (e uma curiosa versão de “Eternal flame” das Bangles), e os londrinos Johnny Panic, enésima redundância do rock feito sensação pronta a servir em terras de Sua Majestade.

Os ingleses Anathema percorreram os caminhos atmosféricos da sua discografia mais recente. Vincent Cavanagh é dono de uma voz límpida e o irmão Danny (guitarra) é discreto, acrescentando detalhes preciosos nos temas. Há uma certa propensão para terrenos “floydianos” – assumidos na versão de “Comfortably Numb”, que encerrou o concerto -, mas a banda fá-lo sem copismos, integrando as velhas influências góticas numa música com horizontes largos. Bem disposto, Vincent brincou com os góticos presentes, afirmando “We do smile sometimes”.

Os Within Temptation e Nightwish navegam mais ou menos pelas mesmas águas: rock orquestral, com vozes femininas, e um gosto pelas grandezas que não lhes fica bem. Os primeiros aproximaram-se dos Evanescence, a espaços, mas a toada é mais agressiva. Os segundos cruzaram a velocidade e o barroquismo do power metal – o falsete é rei – com violinos e teclados obesos.