Sete jovens diabéticos partem segunda-feira para o monte Kilimanjaro, o ponto mais alto de África, no norte da Tanzânia junto à fronteira com o Quénia. São 5.895 metros de altitude que os sete jovens insulino-dependentes pretendem percorrer contra o preconceito que diz que a diabetes é uma doença incapacitante e que impede o acesso normal dos diabéticos à prática desportiva e, em alguns casos, à vida profissional.
A Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP) promove a expedição, que vai durar 10 dias. A subida ao monte é logo no dia a seguir à chegada à Tasmânia.
Com a equipa de caminhantes, segue apenas um médico, um enfermeiro e um fisioterapeuta.
A associação não é novata nestas andanças, mas desta vez o desafio é maior. Em 2001, a AJPD organizou uma expedição ao Monte Branco, o ponto mais alto da Europa, com 4810 metros de altitude.
Paulo Madureira, com 20 anos, é um dos participantes e também presidente da AJDP. Segundo Madureira, o objectivo da viagem é “desmistificar a diabetes enquanto doença incapacitante”. “Se conseguimos subir o maior monte de África, também conseguimos subir os vários ‘montes’ da vida”, diz ao JPN.
Desde a sua fundação, em 1997, que a AJDP promove o desporto entre os jovens que sofrem desta doença. “Podemos fazer todo o desporto que queremos, mas temos que saber fazê-lo”, afirma Paulo Madureira, diabético há três anos. A associação promove a prática de desportos radicais e de aventura, que habitualmente estão “interditos” aos diabéticos.
Para o dirigente da AJDP, os instrumentos de controlo da diabetes melhoraram muito nos últimos anos, conferindo maior “liberdade” aos doentes. Contudo, prossegue, infelizmente há médicos que ainda defendem que deve ser o modo de vida do diabético de tipo 1 (que depende da insulina) a adaptar-se à administração de insulina e não o contrário.
A AJDP não conseguiu patrocínios suficientes para levar mais de sete pessoas ao Kilimanjaro. “Do Estado não vem dinheiro nenhum e dos privados ouvimos o discurso da crise”, refere Paulo Madureira, que sublinha a “grande gestão do pouco dinheiro para as muitas actividades” desenvolvidas pela associação.
Há actualmente cerca de 500 mil diabéticos em Portugal.