Não há sobreviventes da queda do avião da companhia aérea cipriota Helios, na manhã de domingo, perto da cidade de Grammatiko, 40 quilómetros a norte de Atenas.

A notícia foi confirmada pela própria empresa, que adiantou ainda que seguiam a bordo do aparelho, um Boeing 737, 115 passageiros e seis membros da tripulação. Responsáveis gregos já classificam o acidente como o mais grave da história da aviação no país.

Peritos em aviação já se encontram no local e as primeiras observações apontam uma “descompressão na cabine” como origem do acidente. “Aparentemente alguns passageiros morreram por asfixia”, disse um funcionário presente no local do embate, de acordo com as televisões locais.

Um familiar de um passageiro afirmou à televisão ateniense Alpha que recebeu uma mensagem enviada por telemóvel em que este se despedia, dizendo estar muito frio na cabine.

A hipótese de um atentado terrorista parece posta de parte, disse Marios Karoyian, porta-voz do presidente do Chipre, Tassos Papadopoulos.

O avião, que tinha partido do aeroporto de Larnaca, em Chipre, com destino a Atenas, perdeu contacto com a torre de controlo grega pouco depois das 12h00, tendo depois precipitado-se sobre a montanha de Orrobos, a norte da capital helénica.

O aeroporto de Larnaca já adiantou que um problema no sistema de aquecimento e arrefecimento é a causa provável da queda. A mesma fonte afirma que os passageiros teriam morrido de frio antes de o avião se despenhar, num momento em que este já se encontrava em piloto automático.

Perito francês contesta teoria da despressurização

Dois aviões F-16 chegaram a voar ao lado do aparelho sinistrado, após este não responder às chamadas de rádio, tendo observado “máscaras de oxigénio soltas”, informou fonte oficial cipriota.

A tese da despressurização já foi porém posta em causa por François Grangier, especialista francês, que citado pela agência AFP disse que “uma despressurização não faz cair um avião”, já que “não afecta a estrutura do avião e a sua capacidade de voar”. “Uma perda de pressão é simplesmente uma perda da capacidade dos passageiros poderem respirar sem auxílio mecânico e, por isso, estão previstas as máscaras de oxigénio”, observou.

A queda do Boeing 737 provocou ainda um incêndio, combatido por 100 bombeiros, oito aviões e três helicópteros. Os investigadores no local já resgataram a caixa negra. O porta-voz do governo grego, Theodore Roussopoulos, já fez saber que o executivo vai “investigar todas as hipóteses”.

João Pedro Barros
Foto: Piotrek Surowiecki / JetPhotos