As forças de defesa israelitas deram por terminada segunda-feira a evacuação dos colonos da Faixa de Gaza, depois da saída da última família judaica do colonato de Netzarim. Ficam, assim, por evacuar dois dos quatro colonatos no Norte da Cisjordânia, Sa-nur e Homesh.

A operação de evacuação dos colonatos de Gaza começou dia 15.

Os colonos que faltavam sair de Netzarim fizeram-no sem causar problemas às autoridades. O chefe da polícia responsável pela operação, Hagai Dotan, disse ao jornal israelita “Ha’aretz” que os colonos se dirigiam agora para Jerusalém.

Netzarim sempre foi um dos colonatos-chave na Faixa de Gaza, por ser dos mais difíceis de defender para os militares, devido à sua posição geográfica susceptível de sofrer ataques por parte dos palestinianos.

As forças de defesa israelitas preparam-se para entrar amanhã de manhã nos colonatos de Sa-Nur e Homesh, e esperam ter a evacuação completa até à noite. Estes dois últimos colonatos estão a levantar algumas preocupações ao exército israelita.

O tenente-general Dan Halutz afirmou que Sa-nur e Homesh têm sido usados como armazéns de armas por parte dos colonos e activistas ultra-ortodoxos.

5.500 militares foram, durante a tarde de segunda-feira, enviados da Faixa da Gaza para a Cisjordânia, para preparar a operação de retirada.

Hamas e AP dizem que Gaza não chega

Desde o começo da retirada dos colonatos da Faixa de Gaza e do Norte da Cisjordânia que a Autoridade Palestiniana (AP) e o Hamas têm dito que não se pode ficar por aqui.

O líder da AP, Mahmoud Abbas voltou a frisar segunda-feira que a retirada de Gaza tem de ser apenas um princípio. “Não descansaremos enquanto não saírem de todas as nossas terras”, afirmou em Gaza.

Também o líder político do Hamas, Musa Abu Marzouk, citado pelo diário britânico “The Independent“, referiu que “ainda há a Cisjordânia e Jerusalém. Gaza é só uma pequena parte ocupada da Palestina”.

O movimento radical divulgou segunda-feira, no seu site oficial, um comunicado onde reclama a maioria dos ataques contra colonos e contra o exército israelita em Gaza, procurando ganhar crédito pela retirada dos colonos.

Sublinhando que todos os dados foram retirados das estatísticas oficiais das Forças de Defesa Israelitas, o Hamas diz-se responsável por 54% dos 400 ataques contra israelitas em Gaza, nos últimos cinco anos.

Entretanto, a extrema-direita israelita acusou no Parlamento o primeiro-ministro Ariel Sharon de ser “mentiroso, trafulha” e “corrupto” por causa das compensações outorgadas aos 8.000 colonos judeus retirados da Faixa de Gaza.

Na Faixa de Gaza vivem 1,3 milhões de palestinianos, a maioria refugiados e os seus descendentes.

Tiago Dias
Foto: Rafah Pundits Radio